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IRAQUE OCUPADO
Carro-bomba explode dentro da área mais guardada de Bagdá; coalizão diz que golpe não retardará transição
Ataque mata líder do conselho iraquiano
DA REDAÇÃO
Um atentado suicida com carro-bomba matou ontem, na chamada Zona Verde de Bagdá, o
atual presidente do Conselho de
Governo Iraquiano, Izzedin Salim, e outras seis pessoas a 44 dias
do prazo definido pelos EUA para
devolver ao país sua autonomia
política.
Salim é o segundo membro do
grupo consultivo criado pelos
EUA em julho passado a ser morto por insurgentes. Em setembro,
Aquila al Hashimi foi assassinada.
O Conselho não tem poder decisório e está submetido à Autoridade Provisória da Coalizão, liderada pelo americano Paul Bremer, que qualificou a morte de Salim como "uma perda trágica".
"Os terroristas nos infligiram
um golpe cruel com esse ato vil de
hoje. Mas eles serão derrotados",
disse Bremer. O presidente dos
EUA, George W. Bush, condenou
o atentado e reiterou que o poder
político será entregue aos iraquianos em 30 de junho próximo.
Um grupo desconhecido, chamado Grupo de Resistência Árabe - Brigadas Al Rashid, reivindicou a autoria do ataque, ocorrido
na área mais guardada da capital,
que serve de base dos EUA.
Apesar da reivindicação, autoridades americanas afirmaram que
o atentado tinha a "marca registrada" de Abu Musab al Zarqawi,
terrorista jordaniano com supostos vínculos com a rede Al Qaeda
e que, segundo comunicados atribuídos a ele, reivindica uma série
de ataques com carros-bomba no
Iraque nos últimos meses.
A bomba usada ontem continha
um projétil de artilharia do mesmo tipo usado por um terrorista
suicida contra um posto da Zona
Verde no último dia 6, ataque reivindicado pelo grupo liderado
por Al Zarqawi. O motorista suicida emparelhou com o primeiro
carro da caravana de Salim no
momento em que ele chegava para a reunião diária do conselho escoltado por quatro veículos.
Salim, líder em Basra do partido
xiita moderado Dawa, acabara de
voltar de uma viagem de três dias
a Arbil, no norte, com o enviado
especial da ONU ao Iraque, Lakhdar Brahimi. Salama al Khafaji,
outro membro do conselho, disse
que o atentado é uma tentativa de
fomentar as divisões sectárias.
Transição segue
Ghazi Mashal Ajil al Yawer,
substituto de Salim, disse que o
conselho manteria a "marcha para construir um Iraque democrático, federal, plural e unificado".
Mas outros membros do grupo
pediram que Washington entregasse a soberania completa do
país em 30 de junho. Os EUA propõem uma "soberania parcial",
na qual o poder do governo interino será limitado e as forças militares da coalizão permanecerão no
Iraque, sob comando dos EUA.
"Salim morreu tentando construir um Iraque livre e democrático. Os inimigos da liberdade não
querem isso, e o desejo deles não
prevalecerá", disse o porta-voz
presidencial, Scott McClellan.
Já o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, se disse "muito abalado" pelo ataque.
Embora o cronograma da transição não deva ser alterado, analistas crêem que o processo político sofrera danos. "O assassinato
de Salim vai tornar mais difícil para a APC convencer iraquianos
proeminentes a participarem da
transição", disse Daniel Byman,
do Instituto Brookings (Washington). "Isso, por sua vez, vai dificultar o sucesso da transição."
Com agências internacionais
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