São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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IGUALDADE

Estado de Massachusetts realiza primeiras uniões entre homossexuais legais da história dos EUA; presidente Bush critica

Gays já se casam legalmente nos EUA

Charles Krupa/France Presse
Casal de lésbicas abraça filha ao se casar ontem, em Boston


DA REDAÇÃO

O Estado de Massachusetts (Costa Leste) realizou ontem os primeiros casamentos entre homossexuais reconhecidos pela lei na história dos EUA. Centenas de gays e lésbicas faziam filas diante dos órgãos de registro civil em diversas cidades.
No começo do ano, milhares de homossexuais se casaram em San Francisco, com apoio da Prefeitura, mas as uniões não foram reconhecidas pelo Estado da Califórnia. Já o prefeito de uma cidade no Estado de Nova York está sendo processado por ter autorizado alguns casamentos em fevereiro.
No ano passado, a Justiça de Massachusetts autorizou o casamento homossexual. E, na semana passada, a Corte Suprema dos EUA decidiu não se pronunciar sobre o assunto, liberando, na prática, a efetivação das uniões.
O presidente dos EUA, George W. Bush, contrário à medida, divulgou uma nota: "A instituição sagrada do casamento não deveria ser redefinida por alguns poucos juízes ativistas. Todos os americanos têm o direito de serem ouvidos neste debate", afirmou. Segundo pesquisas, a maioria da população americana é contra o casamento homossexual.
Robert Compton e David Wilson -que, em 2001, foi um dos sete casais a entrar com a ação judicial que resultou na liberação da prática em Massachusetts- se casaram ontem diante do reverendo Kim Crawford Harvie, pastor de uma das raras congregações religiosas a aceitar o casamento homossexual.
"Com o poder atribuído pela Comunidade de Massachusetts, agora os pronuncio parceiros para a vida. Vocês estão legalmente casados", disse o reverendo, sob o som de aplausos e batidas de pés na igreja da rua Arlington.
"Esse é um grande momento para a igualdade de direitos e a liberdade", disse Compton, que trocou alianças de ouro e diamantes com seu parceiro.
Durante todo o dia, centenas de casais de gays e lésbicas fizeram fila diante da Prefeitura de Boston. Policiais organizavam a pequena multidão, e floristas aproveitavam para vender rosas vermelhas.
Alguns ativistas contrários à novidade protestavam. "Deus odeia os gays", dizia um cartaz. Segundo Kristian Mineau, do Instituto da Família de Massachusetts, as uniões entre homossexuais são um "certificado de morte" para a instituição do casamento.
O tema do casamento homossexual deve ser um dos assuntos polêmicos da atual campanha eleitoral americana devido à forte oposição já anunciada pelo presidente Bush, que defende a inclusão de uma emenda à Constituição, impedindo, dessa maneira, decisões de juízes a nível estadual. "Eu peço ao Congresso que aprove uma emenda à Constituição definindo e protegendo o casamento como uma união entre um homem e uma mulher", afirmou Bush.
Embora o virtual candidato democrata, John Kerry, também tenha se manifestado contra a prática, os democratas são, historicamente, mais liberais e, portanto, mais expostos a críticas. Além disso, Kerry é senador por Massachusetts, justamente o Estado que liberou as uniões.

Com agências internacionais

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