São Paulo, domingo, 18 de maio de 2008

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imprensa

"Ataques são tentativas de controle"

DE BUENOS AIRES

A música clássica do aparelho de som se mistura à narração do canal de esportes da TV na sala do editor-geral do "Clarín", Ricardo Kirschbaum, 59, que parece alheio à guerra que o governo argentino lançou contra seu jornal. Ao menos, até a hora em que o gravador é ligado.
"O governo não dá conferências de imprensa, obstrui a informação, não recebe correspondentes estrangeiros. E não é um capricho, mas uma política para controlar a imprensa como controla todas as questões do poder."
Kirschbaum diz que a relação entre governo e imprensa nunca foi boa, mas que o conflito com o setor agropecuário desatou uma campanha inédita contra o jornal. "Tivemos problemas com outros governos. Todos tentam intervir na imprensa, mas nunca tivemos uma crise gratuita como essa."
O motivo, afirma, é que o governo "não quer que se publiquem informações que não o favorecem". O "Clarín" se tornou alvo, diz ele, pela cobertura crítica da crise agropecuária e por ser a maior empresa de comunicação do país.
O jornalista classifica o primeiro forte ataque de Cristina ao grupo, quando criticou a charge do cartunista Sábat, como "estupidez". "Esse foi o exemplo mais notório dos erros deste governo pelo qual se teve que pagar um preço altíssimo. Sábat é um artista importante não só para o jornal, mas para a Argentina e o Uruguai."
Kirschbaum não pestaneja em afirmar que por trás dos jovens que colaram os cartazes contra o grupo Clarín pelas ruas está a mão do governo e que os militantes respondem ao secretário-geral da presidência, Oscar Parrilli.
Esses jovens, diz ele, pararam no tempo. "São militantes que falam uma língua que não tem a ver com a de hoje. Como se vivessem nos anos 70."
Mas as ações do governo não vêm apenas na forma de discursos e cartazes (que o Clarín calcula terem custado R$ 100 mil/ dia), diz o editor. Neste ano, o jornal teve queda de propaganda oficial. "A publicidade se manteve forte em outros jornais por razões políticas." (AK)


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