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São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Em menos de duas semanas, número de detenções supera 800; Bremer anuncia criação de tribunais

EUA detêm 400 iraquianos; soldado é morto

DA REDAÇÃO

Os militares americanos anunciaram ontem a prisão de 412 pessoas durante os três dias da Operação Escorpião do Deserto. A campanha visa reduzir os ataques a soldados dos EUA no país, atribuídos a partidários do ex-ditador Saddam Hussein. Na madrugada de ontem, um soldado da 1ª Divisão Blindada foi morto por um franco-atirador em Bagdá.
Com os crescentes ataques iraquianos, os soldados americanos mortos em ações hostis desde que o presidente George W. Bush declarou o fim dos principais combates, em 1º de maio, somam 41, quase a metade dos 92 mortos em ações hostis durante a guerra.
A rede de TV Al Jazeera, do Qatar, afirmou ter recebido um comunicado de um grupo autodenominado Brigadas de Resistência Iraquiana reivindicando a autoria dos ataques. O grupo nega ser uma força leal a Saddam, desaparecido desde o início de abril.
Em contrapartida, os americanos intensificaram as ações de combate. Na semana passada, 97 iraquianos foram mortos e 397 foram presos em ações dos EUA.
Ontem, as tropas americanas invadiram casas e escritórios em Bagdá e no norte do Iraque, onde haveria "bolsões de resistência". Nos últimos três dias, os americanos empreenderam 69 ataques.

Civis
Segundo testemunhas, soldados dos EUA teriam aberto fogo ontem contra um ônibus com civis a 35 km de Bagdá após uma pequena explosão perto dos veículos militares. O comando americano alega ter reagido a uma emboscada. Sete civis foram feridos.
Na madrugada de ontem, uma mulher e uma menina morreram quando o carro em que estavam explodiu em Bagdá. A causa da explosão não foi determinada.
Em Fallujah, 50 km a oeste de Bagdá, a resistência iraquiana passou a visar iraquianos que cooperam com os EUA.
Em abril, 17 civis foram mortos em confrontos com militares dos EUA na cidade. Ontem, a Human Rights Watch pediu a instauração de uma investigação "independente e imparcial" dos conflitos, no qual os soldados americanos "teriam, aparentemente, usado força excessiva".

Tribunais
O administrador do Iraque e líder da Autoridade Provisória da Coalizão, o diplomata americano Paul Bremer, anunciou ontem a criação de duas instâncias judiciais: a Comissão de Revisão Judicial e o Tribunal Criminal Central.
Segundo Bremer, caberá aos novos órgãos -que serão constituídos por iraquianos e representantes da coalizão- julgar os suspeitos de crimes e retirar do Poder Judiciário do país ex-aliados de Saddam e de seu partido, o hoje banido Baath. "São passos importantes para dar ao Judiciário os meios para estabelecer um sistema confiável ao povo iraquiano", disse Bremer. "Sob [o governo de] Saddam Hussein, o Judiciário era visto como corrupto e dependente [do Executivo]. O objetivo é assegurar que a Justiça seja operada por pessoas íntegras."
Ontem, o presidente Bush voltou a dizer que acredita na manutenção de um programa de armas de destruição em massa por Saddam, cuja existência ainda não foi provada.
"Deixamos claro ao ditador do Iraque que ele devia se desarmar, e ele escolheu não fazê-lo. Assim, nós o desarmamos", disse Bush durante palestra na Virgínia.


Com agências internacionais


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