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IRAQUE OCUPADO
Em menos de duas semanas, número de detenções supera 800; Bremer anuncia criação de tribunais
EUA detêm 400 iraquianos; soldado é morto
DA REDAÇÃO
Os militares americanos anunciaram ontem a prisão de 412 pessoas durante os três dias da Operação Escorpião do Deserto. A
campanha visa reduzir os ataques
a soldados dos EUA no país, atribuídos a partidários do ex-ditador Saddam Hussein. Na madrugada de ontem, um soldado da 1ª
Divisão Blindada foi morto por
um franco-atirador em Bagdá.
Com os crescentes ataques iraquianos, os soldados americanos
mortos em ações hostis desde que
o presidente George W. Bush declarou o fim dos principais combates, em 1º de maio, somam 41,
quase a metade dos 92 mortos em
ações hostis durante a guerra.
A rede de TV Al Jazeera, do Qatar, afirmou ter recebido um comunicado de um grupo autodenominado Brigadas de Resistência Iraquiana reivindicando a autoria dos ataques. O grupo nega
ser uma força leal a Saddam, desaparecido desde o início de abril.
Em contrapartida, os americanos intensificaram as ações de
combate. Na semana passada, 97
iraquianos foram mortos e 397 foram presos em ações dos EUA.
Ontem, as tropas americanas
invadiram casas e escritórios em
Bagdá e no norte do Iraque, onde
haveria "bolsões de resistência".
Nos últimos três dias, os americanos empreenderam 69 ataques.
Civis
Segundo testemunhas, soldados
dos EUA teriam aberto fogo ontem contra um ônibus com civis a
35 km de Bagdá após uma pequena explosão perto dos veículos
militares. O comando americano
alega ter reagido a uma emboscada. Sete civis foram feridos.
Na madrugada de ontem, uma
mulher e uma menina morreram
quando o carro em que estavam
explodiu em Bagdá. A causa da
explosão não foi determinada.
Em Fallujah, 50 km a oeste de
Bagdá, a resistência iraquiana
passou a visar iraquianos que
cooperam com os EUA.
Em abril, 17 civis foram mortos
em confrontos com militares dos
EUA na cidade. Ontem, a Human
Rights Watch pediu a instauração
de uma investigação "independente e imparcial" dos conflitos,
no qual os soldados americanos
"teriam, aparentemente, usado
força excessiva".
Tribunais
O administrador do Iraque e líder da Autoridade Provisória da
Coalizão, o diplomata americano
Paul Bremer, anunciou ontem a
criação de duas instâncias judiciais: a Comissão de Revisão Judicial e o Tribunal Criminal Central.
Segundo Bremer, caberá aos
novos órgãos -que serão constituídos por iraquianos e representantes da coalizão- julgar os suspeitos de crimes e retirar do Poder
Judiciário do país ex-aliados de
Saddam e de seu partido, o hoje
banido Baath. "São passos importantes para dar ao Judiciário os
meios para estabelecer um sistema confiável ao povo iraquiano",
disse Bremer. "Sob [o governo de]
Saddam Hussein, o Judiciário era
visto como corrupto e dependente [do Executivo]. O objetivo é assegurar que a Justiça seja operada
por pessoas íntegras."
Ontem, o presidente Bush voltou a dizer que acredita na manutenção de um programa de armas
de destruição em massa por Saddam, cuja existência ainda não foi
provada.
"Deixamos claro ao ditador do
Iraque que ele devia se desarmar,
e ele escolheu não fazê-lo. Assim,
nós o desarmamos", disse Bush
durante palestra na Virgínia.
Com agências internacionais
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