DA REDAÇÃO

Num julgamento que atraiu a atenção da Bélgica por três meses e meio, o eletricista desempregado Marc Dutroux foi considerado culpado ontem pelo seqüestro e o estupro de seis meninas, o assassinato de duas delas e por ter causado a morte de outras duas.
Após três dias de debates, o júri considerou Dutroux, descrito como um psicopata autocentrado, culpado da série de crimes que chocou a Bélgica em 1996.
Os crimes, que incluíram a morte de duas garotas por fome em um calabouço no porão da casa de Dutroux em Charleroi, assombraram o país.
Não só associaram a Bélgica à pedofilia, como também levantaram dúvidas em relação à cumplicidade da polícia e de políticos.
As investigações das garotas desaparecidas -que tinham entre 8 e 19 anos- levaram a população do país a acreditar que Dutroux agia sob a proteção de uma rede de pedofilia que incluía pessoas influentes.

Acusado nega
No tribunal, o réu admitiu ter seqüestrado e estuprado as garotas, mas negou tê-las assassinado. Eles culpou seus comparsas pelas mortes.
Ontem, os familiares das vítimas na sala de julgamento mostraram alívio após o veredicto, que foi apresentado ao vivo pela TV belga.
Além de Dutroux, sua ex-mulher, Michelle Martin, e Michel Lelievre também foram condenados. Um quarto réu, o empresário Michel Nihoul, foi absolvido da acusação de ser cúmplice dos crimes, mas foi considerado culpado por liderar uma quadrilha envolvida com tráfico humano e de drogas.
Na semana que vem, a corte se reunirá novamente para definir as sentenças. Dutroux, que está com 47 anos, pode passar o resto da vida na prisão.