São Paulo, domingo, 18 de junho de 2006

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EUA apontam novos abusos no Iraque

Relatório do Pentágono indica alimentação insuficiente de presos e interrogatórios a baixas temperaturas, diz o "Times"

General Richard Formica não pede indiciamento dos militares responsáveis; já são 18 os inquéritos que acusam tropas americanas

DA REDAÇÃO

Estudo concluído pelo Pentágono indica que militares americanos no Iraque usaram contra prisioneiros "métodos não autorizados" de interrogatório, como alimentação insuficiente e a tortura pelo frio.
O documento, publicado ontem pelo "New York Times", relata casos ocorridos durante os quatro primeiros meses de 2004 e conclui um pacote de inquéritos que também relataram abusos no Afeganistão e em Guantánamo (Cuba).
As investigações foram chefiadas pelo general Richard Formica e se referem às atividades dos contingentes de operações especiais, que têm maior autonomia de atuação.
Segundo Formica, os prisioneiros que não "cooperavam" com seus interrogantes eram alimentados apenas com pão e água. Um deles, de identidade não revelada, foi submetido ao regime por 17 dias seguidos.
Outros presos eram fechados por até sete dias em compartimentos minúsculos, em que não podiam ficar de pé ou se deitar, e com aparelhos de som no volume máximo para não deixá-los dormir.
O documento também indica que outros suspeitos eram despidos, tinham o corpo molhado com água fria e eram interrogados em salas refrigeradas pelo ar condicionado.
Apesar de seu relato, o general Formica não pede o indiciamento dos implicados. Afirma, por exemplo, que 17 dias a pão e água é "excessivo", mas insuficiente para provocar deficiências de vitaminas e proteínas.
A agência Reuters relata que, desde maio de 2003, quando da invasão liderada pelos Estados Unidos, já foram denunciados 18 casos coletivos de abusos e torturas. O mais ruidoso envolveu, em 2004, as torturas na penitenciária de Abu Ghraib.
Em outra reportagem, o "New York Times" qualifica de "propositalmente ambíguas" as investigações militares sobre a morte de 24 civis iraquianos, em novembro do ano passado, na cidade de Haditha.
O jornal, com base em dezena de testemunhos, diz haver uma operação destinada a não responsabilizar os fuzileiros navais envolvidos.

Recrudescimento
Ao menos 43 pessoas morreram ontem em dez explosões ocorridas sobretudo em Bagdá, onde sete atentados no espaço de cinco horas comprovam o insucesso da operação para tornar a capital mais segura. Foi um dos dias mais violentos no Iraque desde a morte do líder da Al Qaeda no país, Abu Musab al Zarqawi, 11 dias atrás.
O insucesso já fora demonstrado anteontem, pela explosão que matou 13 na mais importante mesquita xiita da cidade.
Entre os ataques de ontem há a explosão de um carro-bomba que estava sendo guinchado. Quatro pessoas morreram e pelo menos outras 15 ficaram feridas. Um soldado norte-americano morreu e dois outros estão desaparecidos após um ataque da insurgência.


Com agências internacionais


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