São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Nova jornada de paralisação tem baixo índice de adesão na França

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

A nova jornada de greve contra o aumento do tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria e a flexibilização da jornada de trabalho de 35 horas semanais na França, ontem, não teve o mesmo sucesso do último dia de paralisação nacional, em 22 de maio.
A adesão foi baixa entre os empregados dos transportes públicos, funcionários da administração e professores, tradicionalmente os pilares de greves na França. O percentual de docentes grevistas ficou em 3%. Na SNCF (companhia de trens), 7,6% aderiram à greve. No mês passado, foram 24,9%.
Em Paris, 18 mil pessoas participaram de uma passeata, segundo a polícia -em maio, foram 28 mil, de acordo com os policiais, ou 70 mil, segundo os organizadores.
Para Bernard Thibault, da central sindical CGT, a adesão mais baixa se deve à falta de coesão entre os próprios sindicatos. Em maio, a greve estava voltada principalmente contra a reforma do sistema de aposentadoria. Ontem, porém, acrescentou a reivindicação sobre a jornada de trabalho.
Hoje, o conselho de ministros da França vai adotar o projeto de lei que deve reformar a jornada legal de trabalho no país. A queixa das centrais sindicais é que o texto não respeita a "posição comum" acordada entre o ministro do Trabalho, Xavier Bertrand, e as lideranças dos sindicatos em abril.
As centrais sindicais CGT e CFDT e o Medef (representante do empresariado) assinaram um documento em "caráter experimental" que propunha que acordos sobre mudanças na jornada de trabalho pudessem ser assinados entre patrões e empregados, desde que os sindicatos envolvidos na negociação representassem ao menos 50% dos assalariados.
No entanto, o projeto de lei do governo francês estipula que sindicatos representando 30% dos trabalhadores poderiam aprovar o limite de horas-extras máximas permitido.
Ao assumir a Presidência francesa em 2007, Nicolas Sarkozy colocou a reforma da jornada de 35 horas como prioridade. Na sua avaliação, as jornada semanal mais curta engessa a economia francesa.
Ao longo do tempo, suavizou o discurso. Em diversas ocasiões reiterou que as 35 horas como "jornada legal de trabalho" seriam mantidas, mas que ele desejaria ver os franceses fazendo mais horas-extras.


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