São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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Lula descarta manipulação na eleição iraniana

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ASTANA (CAZAQUISTÃO)

Enquanto prosseguem os protestos contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém sua defesa da legitimidade do pleito. Para ele, o número oficial de votos recebidos pelo iraniano, acima de 60%, indica que não houve fraude, como acusa a oposição.
Lula fez uma comparação com irregularidades no Brasil para reforçar seu argumento. "Acho impossível que alguém consiga manipular 30% dos votos. Nem no Brasil, nos Estados em que a gente sabia há um tempo que tinha mais eleitor do que população, era possível fazer essa manipulação."
A posição de Lula, durante uma pausa na visita oficial a Astana (capital do Cazaquistão), contrastou com a cautela demonstrada pelo chanceler Celso Amorim pouco antes. Indagado se o Brasil reconhecia a vitória de Ahmadinejad, ele disse que era preciso aguardar.
Amorim manteve cautela sobre o convite para viagem de Ahmadinejad ao Brasil, reforçado por Lula há três dias. Segundo ele, o reagendamento da visita marcada para maio -e cancelada na véspera- espera o fim da disputa no Irã, com ou sem recontagem de votos.
Horas depois, Lula foi bem mais assertivo. Questionou o ceticismo de alguns países e insinuou que há um viés ideológico na reação a denúncias de fraudes eleitorais.
"Tem que ter alguma coisa engraçada que acontece no mundo que eu gostaria de ter explicações. No México, há pouco tempo, houve uma eleição, e a diferença foi de 1%", lembrou Lula, em referência à contestada vitória da direita no pleito presidencial de 2006.
"As mesmas pessoas que hoje fazem críticas ao Irã queriam que se respeitasse o resultado no México", disse Lula. "Não podemos esquecer nunca da primeira eleição do presidente Bush. As pessoas acataram o resultado, apesar das dúvidas."
Sob o olhar de Amorim, que acompanhou calado as declarações, Lula também teve um momento de prudência.
"Eu acho que a eleição aconteceu, [Ahmadinejad] teve uma vitória grande, e nós, cautelosamente, vamos esperar baixar a poeira, porque não é a primeira vez que um partido de oposição que perde reclama tanto."


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