São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Exército diz que palestinos planejavam ação no fim dos jogos olímpicos judeus; morteiro atinge colônia

Israel mata 4 em ataque a casa em Belém

France Presse
Familiares choram pela morte dos quatro palestinos na ofensiva dos helicópteros de Israel contra a cidade de Belém, na Cisjordânia


DA REDAÇÃO

Helicópteros israelenses bombardearam ontem uma casa em Belém, na Cisjordânia, matando quatro supostos militantes islâmicos e ferindo outras dez pessoas. O Exército afirmou que a operação foi realizada porque uma célula do grupo extremista Hamas estaria planejando um ataque no último dia das Macabíadas, os jogos olímpicos judeus.
A ofensiva ocorreu a menos de 1 km da Igreja da Natividade, local onde, segundo a tradição cristã, Jesus nasceu. Dois dos mortos eram Taher al Aruj, 40, membro do Hamas, e Omar Saada, 45, que seria líder do braço armado do movimento islâmico na cidade. Os outros foram identificados como parentes de Saada.
De acordo com o Exército de Israel, Saada e os demais preparavam um ataque terrorista na cerimônia de encerramento das Macabíadas, em 23 de julho. "Estamos falando de uma clara operação preventiva", declarou uma fonte militar.
Duas semanas atrás, Israel anunciou que havia retomado sua política de "defesa ativa", isto é, a eliminação seletiva de palestinos suspeitos de terrorismo.
Segundo a Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Iasser Arafat e responsabilizada por Israel pela violência, o governo israelense já "assassinou" mais de 40 ativistas palestinos.
Abdel Aziz al Rantissi, membro da cúpula do Hamas, declarou que os quatro homens estavam reunidos à espera de um palestino que seria libertado ontem de uma prisão israelense. A ANP considerou a ação como "ato de guerra" e "terrorismo de Estado". Em um comunicado conjunto, 14 facções palestinas pediram a "imediata vingança contra todos os soldados e colonos" israelenses.
Poucas horas depois do bombardeio, um morteiro foi disparado contra o assentamento de Gilo, na periferia de Jerusalém. O projétil palestino caiu nos fundos de um prédio em construção e não deixou feridos. Desde a eclosão da nova Intifada (levante palestino), em 28 de setembro, os palestinos só haviam lançado morteiros contra colônias de Gaza ou contra instalações israelenses perto da fronteira do território.
Avi Pazner, porta-voz do governo do premiê Ariel Sharon, afirmou que o disparo palestino era uma "grave escalada" que não passaria sem resposta. "Nós teremos de reagir. Como e quando ainda será decido", disse.
Após duas semanas de relativa tranquilidade em Gilo, os tiroteios ressurgiram entre tropas estacionadas no assentamento e palestinos da vizinha Beit Jala. Não houve feridos.
À noite, os rumores de que Israel prepara uma grande ofensiva ganharam força com o repentino cancelamento de uma viagem aos EUA de Binyamin Ben Eliezer, ministro da Defesa de Israel, e com o aumento da presença militar na Cisjordânia. O presidente dos EUA, George W. Bush, ligou para Sharon e pediu moderação na resposta prometida ao atentado suicida palestino de anteontem que matou dois israelenses no norte de Israel. A crescente violência praticamente sepultou o cessar-fogo de 13 de junho, mediado pelos EUA.
O bombardeio de ontem elevou para ao menos 485 o número de palestinos mortos na nova Intifada, que já matou também 13 árabes israelenses e 128 israelenses, segundo cálculos da agência de notícias britânica "Reuters".
Além das mortes, o conflito está levando a população palestina à míngua. O diretor-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Peter Hansen, fez ontem um apelo "desesperado" à comunidade internacional pelo combate à fome de centenas de famílias. A agência tem enfrentado problemas de financiamento, e o bloqueio israelense às cidades palestinas provocou uma aguda crise nos territórios ocupados.


Com agências internacionais



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