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ORIENTE MÉDIO
Exército diz que palestinos planejavam ação no fim dos jogos olímpicos judeus; morteiro atinge colônia
Israel mata 4 em ataque a casa em Belém
France Presse
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Familiares choram pela morte dos quatro palestinos na ofensiva dos helicópteros de Israel contra a cidade de Belém, na Cisjordânia |
DA REDAÇÃO
Helicópteros israelenses bombardearam ontem uma casa em
Belém, na Cisjordânia, matando
quatro supostos militantes islâmicos e ferindo outras dez pessoas. O Exército afirmou que a
operação foi realizada porque
uma célula do grupo extremista
Hamas estaria planejando um
ataque no último dia das Macabíadas, os jogos olímpicos judeus.
A ofensiva ocorreu a menos de 1
km da Igreja da Natividade, local
onde, segundo a tradição cristã,
Jesus nasceu. Dois dos mortos
eram Taher al Aruj, 40, membro
do Hamas, e Omar Saada, 45, que
seria líder do braço armado do
movimento islâmico na cidade.
Os outros foram identificados como parentes de Saada.
De acordo com o Exército de Israel, Saada e os demais preparavam um ataque terrorista na cerimônia de encerramento das Macabíadas, em 23 de julho. "Estamos falando de uma clara operação preventiva", declarou uma
fonte militar.
Duas semanas atrás, Israel
anunciou que havia retomado sua
política de "defesa ativa", isto é, a
eliminação seletiva de palestinos
suspeitos de terrorismo.
Segundo a Autoridade Nacional
Palestina (ANP), presidida por
Iasser Arafat e responsabilizada
por Israel pela violência, o governo israelense já "assassinou" mais
de 40 ativistas palestinos.
Abdel Aziz al Rantissi, membro
da cúpula do Hamas, declarou
que os quatro homens estavam
reunidos à espera de um palestino
que seria libertado ontem de uma
prisão israelense. A ANP considerou a ação como "ato de guerra" e
"terrorismo de Estado". Em um
comunicado conjunto, 14 facções
palestinas pediram a "imediata
vingança contra todos os soldados e colonos" israelenses.
Poucas horas depois do bombardeio, um morteiro foi disparado contra o assentamento de Gilo,
na periferia de Jerusalém. O projétil palestino caiu nos fundos de
um prédio em construção e não
deixou feridos. Desde a eclosão da
nova Intifada (levante palestino),
em 28 de setembro, os palestinos
só haviam lançado morteiros
contra colônias de Gaza ou contra
instalações israelenses perto da
fronteira do território.
Avi Pazner, porta-voz do governo do premiê Ariel Sharon, afirmou que o disparo palestino era
uma "grave escalada" que não
passaria sem resposta. "Nós teremos de reagir. Como e quando
ainda será decido", disse.
Após duas semanas de relativa
tranquilidade em Gilo, os tiroteios ressurgiram entre tropas estacionadas no assentamento e palestinos da vizinha Beit Jala. Não
houve feridos.
À noite, os rumores de que Israel prepara uma grande ofensiva
ganharam força com o repentino
cancelamento de uma viagem aos
EUA de Binyamin Ben Eliezer,
ministro da Defesa de Israel, e
com o aumento da presença militar na Cisjordânia. O presidente
dos EUA, George W. Bush, ligou
para Sharon e pediu moderação
na resposta prometida ao atentado suicida palestino de anteontem que matou dois israelenses
no norte de Israel. A crescente
violência praticamente sepultou o
cessar-fogo de 13 de junho, mediado pelos EUA.
O bombardeio de ontem elevou
para ao menos 485 o número de
palestinos mortos na nova Intifada, que já matou também 13 árabes israelenses e 128 israelenses,
segundo cálculos da agência de
notícias britânica "Reuters".
Além das mortes, o conflito está
levando a população palestina à
míngua. O diretor-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Peter Hansen, fez ontem um
apelo "desesperado" à comunidade internacional pelo combate à
fome de centenas de famílias. A
agência tem enfrentado problemas de financiamento, e o bloqueio israelense às cidades palestinas provocou uma aguda crise
nos territórios ocupados.
Com agências internacionais
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