UOL


São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

Em reunião na Casa Branca, os dois líderes insistem em que Saddam representava uma ameaça e defendem provas

Bush e Blair unem-se para defender guerra

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, e o premiê britânico, Tony Blair, principais aliados na Guerra do Iraque, uniram-se ontem, na Casa Branca, para defender a deposição de Saddam Hussein e rejeitar as alegações de que teriam exagerado a ameaça representada pelas supostas armas de destruição em massa iraquianas.
"Estamos sendo testados. Nossos inimigos nos observam em busca de sinais de fraqueza. Não os encontrarão", disse Bush. "Somos aliados", afirmou Blair.
Os dois enfrentam críticas porque ainda não foram achadas armas de destruição em massa no Iraque. E porque, para justificar a guerra, teriam apresentado indícios falsos sobre os supostos programas de armas proibidas de Saddam.
Além disso, a situação no Iraque segue caótica, as forças de ocupação enfrentam resistência, e os apoios a Blair e Bush caíram.
"Saddam Hussein possuía armas químicas e biológicas e tentava reconstituir seu programa de armas nucleares", disse Bush. "Ele era uma ameaça. Assumo a responsabilidade por lidar com aquela ameaça", disse. "Não estávamos errados... Apresentaremos informações sobre as armas quando elas forem encontradas."
Pouco antes, Blair discursou numa sessão conjunta do Congresso americano, o que não ocorria desde 1985, com a então primeira-ministra conservadora, Margaret Thatcher.
Disse que a deposição de Saddam foi justificada ainda que não sejam encontradas armas de destruição no país. "Vamos deixar claro uma coisa: se estivermos errados, teremos destruído uma ameaça que é responsável no mínimo por uma carnificina desumana", afirmou o premiê trabalhista. "Tenho confiança que isso é algo que a história perdoará."
"Mas, se nossos críticos estiverem errados e nós certos (...), então teríamos hesitado diante de uma ameaça quando teríamos que ter mostrado liderança, e isso a história não perdoaria."
Blair foi interrompido diversas vezes por aplausos entusiastas dos deputados e senadores, numa clara demonstração de apoio ao premiê, frequentemente acusado de ser "o poodle de Bush".
Blair disse que os EUA e o Reino Unido precisam se manter comprometidos com a reconstrução de um Iraque democrático e o processo de paz israelo-palestino. "O terrorismo não será derrotado sem paz no Oriente Médio", disse.
E exortou os EUA a não abrir mão de um relacionamento próximo com a Europa, apesar do crescente antiamericanismo no continente. Defendeu uma reforma no Conselho de Segurança (CS) da ONU, que, nos meses que antecederam a guerra, não chegou a um acordo sobre o Iraque.
No início desta semana, durante visita do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Reino Unido, Blair disse que o Brasil era um bom candidato a uma vaga permanente num CS reformado.
Em reunião privada, Blair e Bush discutiriam a situação de dois britânicos detidos na base militar dos EUA em Guántanamo (Cuba), junto com centenas de outros suspeitos de terrorismo presos no Afeganistão.
Blair segue para uma viagem de sete dias ao Japão, à Coréia do Sul e à China, incluindo Hong Kong.


Com agências internacionais


Próximo Texto: Wolfowitz vai ao Iraque em busca de falhas; "voz de Saddam" vai ao ar
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.