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IRAQUE OCUPADO
Em reunião na Casa Branca, os dois líderes insistem em que Saddam representava uma ameaça e defendem provas
Bush e Blair unem-se para defender guerra
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, e o premiê britânico,
Tony Blair, principais aliados na
Guerra do Iraque, uniram-se ontem, na Casa Branca, para defender a deposição de Saddam Hussein e rejeitar as alegações de que
teriam exagerado a ameaça representada pelas supostas armas de
destruição em massa iraquianas.
"Estamos sendo testados. Nossos inimigos nos observam em
busca de sinais de fraqueza. Não
os encontrarão", disse Bush. "Somos aliados", afirmou Blair.
Os dois enfrentam críticas porque ainda não foram achadas armas de destruição em massa no
Iraque. E porque, para justificar a
guerra, teriam apresentado indícios falsos sobre os supostos programas de armas proibidas de
Saddam.
Além disso, a situação no Iraque
segue caótica, as forças de ocupação enfrentam resistência, e os
apoios a Blair e Bush caíram.
"Saddam Hussein possuía armas químicas e biológicas e tentava reconstituir seu programa de
armas nucleares", disse Bush.
"Ele era uma ameaça. Assumo a
responsabilidade por lidar com
aquela ameaça", disse. "Não estávamos errados... Apresentaremos
informações sobre as armas
quando elas forem encontradas."
Pouco antes, Blair discursou
numa sessão conjunta do Congresso americano, o que não
ocorria desde 1985, com a então
primeira-ministra conservadora,
Margaret Thatcher.
Disse que a deposição de Saddam foi justificada ainda que não
sejam encontradas armas de destruição no país. "Vamos deixar
claro uma coisa: se estivermos errados, teremos destruído uma
ameaça que é responsável no mínimo por uma carnificina desumana", afirmou o premiê trabalhista. "Tenho confiança que isso
é algo que a história perdoará."
"Mas, se nossos críticos estiverem errados e nós certos (...), então teríamos hesitado diante de
uma ameaça quando teríamos
que ter mostrado liderança, e isso
a história não perdoaria."
Blair foi interrompido diversas
vezes por aplausos entusiastas
dos deputados e senadores, numa
clara demonstração de apoio ao
premiê, frequentemente acusado
de ser "o poodle de Bush".
Blair disse que os EUA e o Reino
Unido precisam se manter comprometidos com a reconstrução
de um Iraque democrático e o
processo de paz israelo-palestino.
"O terrorismo não será derrotado
sem paz no Oriente Médio", disse.
E exortou os EUA a não abrir
mão de um relacionamento próximo com a Europa, apesar do
crescente antiamericanismo no
continente. Defendeu uma reforma no Conselho de Segurança
(CS) da ONU, que, nos meses que
antecederam a guerra, não chegou a um acordo sobre o Iraque.
No início desta semana, durante
visita do presidente do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, ao Reino
Unido, Blair disse que o Brasil era
um bom candidato a uma vaga
permanente num CS reformado.
Em reunião privada, Blair e
Bush discutiriam a situação de
dois britânicos detidos na base
militar dos EUA em Guántanamo
(Cuba), junto com centenas de
outros suspeitos de terrorismo
presos no Afeganistão.
Blair segue para uma viagem de
sete dias ao Japão, à Coréia do Sul
e à China, incluindo Hong Kong.
Com agências internacionais
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