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São Paulo, sexta-feira, 18 de julho de 2003

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Wolfowitz vai ao Iraque em busca de falhas; "voz de Saddam" vai ao ar

Stephen Morton/France Presse
Militar beija mulher grávida em Savannah (EUA) ao chegar do Iraque; a volta de milhares de soldados foi adiada, gerando críticas


DA REDAÇÃO

Paul Wolfowitz, subsecretário americano da Defesa, chegou ontem ao Iraque para uma visita de cinco dias cujo objetivo é avaliar o que está dando errado na ocupação americana. Sua chegada coincidiu com a divulgação por TVs árabes de supostas declarações recentes do ex-ditador Saddam Hussein, foragido desde abril.
Segundo um funcionário do governo citado pelo "New York Times", as prioridades de Wolfowitz são a segurança, a economia e a incipiente estrutura política iraquiana. Ele também deve se encontrar com a equipe que busca as supostas armas de destruição em massa iraquianas -principal justificativa para a guerra, ainda não encontradas.
"Estou aqui para entender o que é necessário para completar a transição para um governo formado pela população iraquiana e dirigido a ela", disse Wolfowitz, ao desembarcar em Bagdá.
A visita é a mais longa de uma autoridade dos EUA ou do Reino Unido desde a guerra, iniciada em 20 de março. Ela ocorre no momento em que o moral das tropas americanas está baixo devido aos constantes ataques atribuídos a simpatizantes do regime deposto, que resultaram em 33 mortes no pós-guerra e levaram as baixas americanas em ações hostis desde o início da guerra a 147, mesmo número da Guerra do Golfo (91).
Militares dos EUA crêem que um dos estímulos para os ataques vêm da possibilidade de Saddam Hussein estar vivo, o que inspira seus simpatizantes. Ontem, as redes de TV Al Arabiya e Al Jazira veicularam trechos de uma gravação atribuída ao ex-ditador, na qual ele conclama os iraquianos à "guerra santa" contra os EUA.
"O inimigo quer enfraquecer o Iraque, e a única atitude legítima é resistir à ocupação por meio da "jihad", para infligir perdas e expulsar o inimigo", diz a voz.
Segundo o "Times", agentes americanos teriam interceptado conversas recentes entre antigos aliados de Saddam sobre a necessidade de protegê-lo e sugerindo que o ex-ditador e seus filhos Uday e Qusay estariam vivos.
A ascensão ao poder do Baath, partido ao qual Saddam pertencia e que foi banido pela coalizão, completou 35 anos ontem. A data é um dos feriados nacionais banidos pelo recém-empossado Conselho de Governo Iraquiano.
As tropas americanas se prepararam para um aumento nos ataques por causa da data, mas, apesar de incidentes em Bagdá e protestos em Fallujah (oeste) e Baquba (norte), não houve baixas.

Verba para o Pentágono
O Senado dos EUA, onde os republicanos são maioria, destinou ontem US$ 369 bilhões para o Pentágono, apesar de a bancada democrata ter tentado condicionar a aprovação da verba a uma prestação detalhada dos custos da Guerra do Iraque e à divulgação dos planos da administração George W. Bush para estabilizar o país a longo prazo. Os recursos já haviam sido aprovados pela Câmara dos Representantes.

Com agências internacionais


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