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Justiça líbia revoga pena de morte de cinco búlgaras
Enfermeiras são condenadas por infectar crianças com o HIV
Instância máxima do país comuta sentença para prisão perpétua, possibilitando que funcionários detidos há oito anos sejam extraditados
Mahmud Turkia 25.fev.2007/France Presse
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Enfermeiras búlgaras aguardam pronunciamento de Corte atrás das grades, na capital líbia
DA REDAÇÃO
A mais alta instância jurídica
da Líbia comutou ontem a pena
de morte atribuída a cinco enfermeiras búlgaras e a um médico palestino para prisão perpétua. Os seis estão detidos há
oito anos e foram condenados à
morte em 2006, por supostamente contaminarem 438
crianças líbias com o HIV, numa sentença questionada por
especialistas de todo o mundo.
Segundo advogado dos acusados, há a possibilidade de que
os detidos sejam extraditados.
A decisão do Alto Conselho
de Justiça líbio, que é também
uma entidade política no país,
ocorreu poucas horas depois
que os pais das 438 crianças entregaram ao órgão uma renúncia do pedido de execução dos
seis estrangeiros, um dia depois
de cada família receber US$ 1
milhão de indenização. A negociação foi mediada pela Fundação Gaddafi, comandada por
um filho do ditador líbio.
O valor foi pago por um fundo internacional criado em
2005 para ajudar a Líbia a combater a AIDS, do qual participam a Bulgária, a Líbia e vários
países europeus, com o apoio
da União Européia e dos EUA.
Segundo porta-voz das famílias, os pais renunciaram ao pedido de execução devido ao recebimento da indenização.
O valor desembolsado pelo
fundo ainda é menor do que os
US$ 2,7 bilhões que o governo
líbio se comprometeu a pagar
pelo atentado a bomba em um
avião da Pan Am, em 1988, que
caiu sobre Lockerbie, na Escócia, matando 270 passageiros.
A decisão de ontem da Justiça líbia ocorre em um momento em que Muammar Gaddaffi,
"ex-pária" no mundo Ocidental, vem se aproximando dos
EUA e da União Européia, depois de anunciar, em 2003, que
seu país abriu mão de suas armas de destruição em massa.
De acordo com o chanceler
líbio, Abdel-Rahman Shalqam,
Trípoli está disposta a "considerar" a extradição dos seis
funcionários para a Bulgária,
mas não especificou uma data.
O ministro das Relações Exteriores da Bulgária, Ivailo Kalfin, disse que a decisão da Justiça líbia é "um importante passo
na direção positiva".
Com a comutação da pena
para prisão perpétua, os seis
detidos podem ser rapidamente extraditados ao país de origem, já que há um acordo de extradição entre Trípoli e Sófia,
em vigor desde os anos 1980.
A embaixada búlgara em Trípoli afirmou que o governo pediria a extradição das enfermeiras e do médico hoje.
Os seis ainda são acusados de
difamação, por terem dito que
se declararam culpados sob
tortura e afirmarem que a contaminação ocorreu por falta de
higiene no hospital.
Especialistas que participaram do processo dizem que as
crianças foram contaminadas
antes da chegada dos funcionários ao hospital. Vários cientistas afirmam que, para acobertar as condições hospitalares
precárias e a falta de higiene, a
Líbia fez das enfermeiras bodes
expiatórios.
Com agências internacionais
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