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Depois de terremoto, Japão questiona segurança nuclear
Abalo sísmico na segunda deixou nove mortos; usina atômica atingida é fechada
Dano ambiental é avaliado após barris contendo lixo nuclear tombarem; país tem um terço de sua energia produzida por reatores
DA REDAÇÃO
As autoridades japonesas
suspenderam ontem o funcionamento da usina nuclear de
Kashiwazaki-Kariwa, a maior
do mundo em produção de
energia, até que haja garantias
de segurança no local. A companhia que opera a planta informou que o terremoto de segunda (domingo, no Brasil)
derrubou cem barris de lixo de
baixa radioatividade. Técnicos
estudam o impacto ambiental.
A ocorrência se soma a um
incêndio e ao vazamento de
água contaminada com material radioativo, numa lista que
registra ao menos 50 incidentes na usina. O fechamento automático dos reatores em operação durante o abalo, conforme estabelecido pelas regras de
segurança, não impediu os incidentes. A agência governamental de segurança nuclear e industrial afirmou que enviará
uma equipe de especialistas para verificar a situação na usina.
O tremor de anteontem
-que atingiu magnitude 6,8 na
escala Richter de intensidade
de abalos sísmicos (cujo maior
registro até hoje foi de magnitude 9)- abriu um debate sobre a segurança das instalações
nucleares no país.
O porta-voz do governo, Yasuhisa Shiozaki, disse que a resistência de outras plantas nucleares a terremotos "talvez
precise ser reavaliada".
Vulnerabilidade
O Japão tem 55 reatores nucleares, responsáveis por um
terço da energia consumida no
país, e está em uma zona extremamente vulnerável a abalos
sísmicos. Cerca de 20% dos terremotos graves registrados em
todo o mundo ocorrem no país.
Até o final de década, o Japão
pretendia ampliar a capacidade
de geração de energia nuclear
para atender 40% da demanda
interna. Mas os incidentes na
usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa podem ser um grave revés nos planos do governo de
diminuir a dependência dos recursos energéticos importados,
sobretudo do Oriente Médio.
Os moradores da região atingida pelo terremoto se dizem
revoltados com a Companhia
de Energia Elétrica de Tóquio,
que administra a usina nuclear,
desde que se confirmou o vazamento de 1.200 litros de água
contaminada. O vazamento,
inicialmente negado, só foi comunicado às autoridades cerca
de seis horas depois de ter sido
detectado. A população só foi
informada nove horas depois.
Segundo a companhia, o nível de radioatividade encontrado na água está dentro dos limites aceitáveis e não há riscos
ambientais nem às pessoas.
Em entrevista a repórteres
locais,o premiê Shinzo Abe criticou a lentidão da companhia
em divulgar as informações.
O terremoto é o mais grave
desde 2004. Pelo menos 12 mil
pessoas tiveram que deixar
suas casas e o fornecimento de
gás, água e energia continua interrompido em dezenas de milhares de residências. Nove
pessoas morreram e cerca de
mil ficaram feridas.
Com "The New York Times"
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