São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Depois de terremoto, Japão questiona segurança nuclear

Abalo sísmico na segunda deixou nove mortos; usina atômica atingida é fechada

Dano ambiental é avaliado após barris contendo lixo nuclear tombarem; país tem um terço de sua energia produzida por reatores

DA REDAÇÃO

As autoridades japonesas suspenderam ontem o funcionamento da usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa, a maior do mundo em produção de energia, até que haja garantias de segurança no local. A companhia que opera a planta informou que o terremoto de segunda (domingo, no Brasil) derrubou cem barris de lixo de baixa radioatividade. Técnicos estudam o impacto ambiental.
A ocorrência se soma a um incêndio e ao vazamento de água contaminada com material radioativo, numa lista que registra ao menos 50 incidentes na usina. O fechamento automático dos reatores em operação durante o abalo, conforme estabelecido pelas regras de segurança, não impediu os incidentes. A agência governamental de segurança nuclear e industrial afirmou que enviará uma equipe de especialistas para verificar a situação na usina.
O tremor de anteontem -que atingiu magnitude 6,8 na escala Richter de intensidade de abalos sísmicos (cujo maior registro até hoje foi de magnitude 9)- abriu um debate sobre a segurança das instalações nucleares no país.
O porta-voz do governo, Yasuhisa Shiozaki, disse que a resistência de outras plantas nucleares a terremotos "talvez precise ser reavaliada".

Vulnerabilidade
O Japão tem 55 reatores nucleares, responsáveis por um terço da energia consumida no país, e está em uma zona extremamente vulnerável a abalos sísmicos. Cerca de 20% dos terremotos graves registrados em todo o mundo ocorrem no país.
Até o final de década, o Japão pretendia ampliar a capacidade de geração de energia nuclear para atender 40% da demanda interna. Mas os incidentes na usina nuclear de Kashiwazaki-Kariwa podem ser um grave revés nos planos do governo de diminuir a dependência dos recursos energéticos importados, sobretudo do Oriente Médio.
Os moradores da região atingida pelo terremoto se dizem revoltados com a Companhia de Energia Elétrica de Tóquio, que administra a usina nuclear, desde que se confirmou o vazamento de 1.200 litros de água contaminada. O vazamento, inicialmente negado, só foi comunicado às autoridades cerca de seis horas depois de ter sido detectado. A população só foi informada nove horas depois.
Segundo a companhia, o nível de radioatividade encontrado na água está dentro dos limites aceitáveis e não há riscos ambientais nem às pessoas.
Em entrevista a repórteres locais,o premiê Shinzo Abe criticou a lentidão da companhia em divulgar as informações.
O terremoto é o mais grave desde 2004. Pelo menos 12 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e o fornecimento de gás, água e energia continua interrompido em dezenas de milhares de residências. Nove pessoas morreram e cerca de mil ficaram feridas.


Com "The New York Times"


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