São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Hotel em Manágua vira palácio do governo deposto no exterior

DO ENVIADO A MANÁGUA

Se Manuel Zelaya ainda é o presidente de Honduras, então o novo palácio de governo fica na ala leste do hotel Best Western, de padrão quatro estrelas, localizado diante do aeroporto internacional de Manágua.
Desde o início da semana, Zelaya só deixou o hotel para uma curta viagem à Guatemala e para reuniões na região da capital nicaraguense.
Anteontem, por exemplo, sua única saída foi para ir à embaixada venezuelana, onde gravou uma entrevista ao canal Telesur, controlado pelo governo do aliado Hugo Chávez e o único meio de comunicação que vem tendo acesso direto ao presidente deposto.
A presença de Zelaya alterou a rotina do hotel, tradicionalmente ocupado por turistas americanos antes ou depois de visitar as praias do país. Parte dos corredores tem o acesso bloqueado por membros armados da Polícia Nacional, obrigando os hóspedes a fazer caminhos alternativos para chegar ao seus quartos. Há ainda agentes da inteligência nicaraguense no lobby do hotel e circulando pelos corredores.
Apesar das dezenas de policiais, a comitiva de Zelaya estava preocupada com a segurança do presidente deposto. Na madrugada de ontem, ele deixou o quarto 45 para dormir numa residência não identificada de Manágua. Os assessores, no entanto, permaneceram no hotel.
A parte mais bem guardada é o "escritório da crise", onde cerca de dez assessores hondurenhos e funcionários de Chávez passam a maior parte do dia. Dentro, um forte ar condicionado, uma grande mesa em formato retangular, laptops e uma televisão sempre sintonizada na Telesur ou no canal estatal venezuelano VTV.
Num dos quartos diante da sala, assessores guardavam caixas de telefone celular e rolos de mapa, em meio a especulações de que Zelaya planeja voltar a Honduras a partir da fronteira nicaraguense.
Mas a estrutura montada não é suficiente. No lobby do hotel, é comum ver membros da comitiva de Zelaya se revezando com turistas em chinelos para usar os três computadores com acesso à internet.
Os venezuelanos parecem estar em número equivalente ao de hondurenhos. O mais graduado é Francisco Arias Cárdenas, vice-chanceler para América Latina e Caribe, que, junto com Chávez e militares, liderou o fracassado golpe de Estado de 1992 contra o então presidente Carlos Andrés Pérez.
Segundo recepcionista, a comitiva, que inclui os quartos da equipe da Telesur, não registra o nome dos hóspedes individualmente -aparecem apenas como quartos de "ONGs", sem um nome específico.0 (FM)


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