São Paulo, sábado, 18 de julho de 2009

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Amorim liga para Hillary e faz reparos à mediação de Arias

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DA REPORTAGEM LOCAL

O chanceler Celso Amorim telefonou ontem para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que estava em Nova Déli (Índia), para "manifestar preocupação" com a lentidão e o encaminhamento das negociações para o restabelecimento da normalidade democrática em Honduras, informou a assessoria de imprensa do ministro brasileiro.
Amorim transmitiu a Hillary os reparos do Brasil a respeito do desenrolar da mediação "de igual para igual" entre os governos golpista e deposto, sob o comando do presidente costa-riquenho e Prêmio Nobel da Paz, Óscar Arias.
O ministro informou à secretária de Estado -que foi quem patrocinou a mediação de Arias- que o Brasil não aprova a possibilidade de que os golpistas imponham condições para a volta e muito menos um governo de coalizão entre os dois grupos.
Se um acordo assim for selado, na avaliação brasileira, estará caracterizada uma vitória dos golpistas, o que serviria como estímulo a novos golpes na América Latina.
Ainda na versão oficial, o ministro brasileiro informou aos EUA que a mediação do presidente da Costa Rica "tem de se dar no marco das resoluções da OEA [Organização dos Estados Americanos]". Ou seja: com o retorno incondicional do hondurenho deposto à Presidência.
Com o telefonema, o Brasil, que vinha mantendo atitude discreta na questão, em especial para não criar melindres com o governo Barack Obama, soma-se às críticas dos países mais à esquerda da região, liderados por Hugo Chávez.
O presidente venezuelano e aliados criticam a negociação costa-riquenha por considerá-la uma estratégia para que o governo interino de Roberto Micheletti ganhe tempo e enfraqueça as resistências interna e externa.
O ministro falou ainda sobre "a óbvia" importância dos EUA para uma solução da crise hondurenha. Washington é o principal parceiro econômico de Honduras, que faz parte do Cafta, a área de livre comércio EUA-América Central.
O Brasil patrocinou trecho da resolução da OEA que exorta seus países-membros a revisarem as relações com Honduras enquanto os golpistas estiverem no poder.
Vários países congelaram programas de cooperação e retiraram embaixadores. Os EUA congelaram apenas US$ 16,5 milhões dos US$ 180 milhões em ajuda, argumentando tanto razões humanitárias como a necessidade de usar o dinheiro como forma de pressão nas negociações. Washington também não retirou o embaixador.


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