São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 2011

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Chefe da Scotland Yard renuncia a cargo

Suspeito de ligação com "News of the World", Paul Stephenson sai após prisão de ex-diretora, solta sob fiança

Policial encarregado de investigar grampos ilegais manteria laços com profissionais de tabloide britânico

Facundo Arrizabalaga/EFE


DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em uma nova escalada da crise gerada pelo escândalo do uso de grampos ilegais no tabloide britânico "News of the World", o chefe da Polícia Metropolitana de Londres (a Scotland Yard), Paul Stephenson, renunciou ontem.
O anúncio veio poucas horas após a prisão de Rebekah Brooks, que era editora do "NoW" na época em que os grampos teriam ocorrido.
Stephenson está sob suspeita de manter laços com Neil Wallis, que trabalhava no "NoW" desde 2003. A maior acusação paira sobre o fato Wallis ter sido contratado como consultor de relações-públicas da polícia por um ano, o que durou até setembro do ano passado.
Em uma declaração pública, Stephenson disse que não teve nada a ver com a contratação de Wallis. Afirmou também que o conheceu em 2006 e que a relação entre os dois era puramente profissional.
"Ouvi críticas de que nós deveríamos ter suspeitado do suposto envolvimento de Wallis nas escutas telefônicas", disse. "Eu não tinha razão alguma para fazê-lo."
No anúncio de renúncia, o policial também justificou o fato de não ter informado ao premiê britânico, David Cameron, a respeito da contratação de Wallis.
"Uma vez que Wallis apareceu associado às escutas telefônicas, eu não queria comprometer o primeiro-ministro revelando suspeita sobre alguém que era claramente próximo a [Andy] Coulson."
Coulson foi editor do "NoW" e assessor de imprensa de Cameron, cargo ao qual renunciou quando os escândalos surgiram.
Ontem, a imprensa britânica informou que Stephenson teria passado algumas semanas em um spa de luxo, com as despesas pagas por um jornalista. A polícia diz que a fatura foi paga pelo gerente do hotel, mas não explica por que o policial recebeu o presente.
Há ainda a suspeita de que o tabloide pagaria propina à polícia por informações e para que ela não se esforçasse para investigar as denúncias de escutas telefônicas ilegais.
Stephenson disse que decidiu sair para evitar prejuízos à investigação policial. "Tomei essa decisão como consequência da especulação e das acusações com relação às ligações da Polícia Metropolitana com a News International [braço britânico da News Corp. que publicava o "NoW", extinto há uma semana], e, em particular, por causa de Wallis", disse.

PRISÃO
Rebekah Brooks, 43, que pediu demissão na sexta-feira do cargo de diretora-executiva da News International, foi presa ontem, acusada de corrupção e interceptação telefônica ilegal. Ela havia ido à polícia voluntariamente para falar sobre o caso. Foi solta horas depois, mediante pagamento de fiança.
Brooks, que é amiga do magnata Rupert Murdock, o presidente da News Corp., e próxima de Cameron, foi editora do tabloide "News of the World" de 2000 a 2003, época em que teriam ocorrido as escutas ilegais.
Além de ter feito com que Murdoch fechasse o "NoW", o escândalo fez também com que ele desistisse, na semana passada, de comprar a totalidade das ações da BSkyB (British Sky Broadcasting) ""a maior provedora de TV paga do país"" por meio da sua News Corp. Murdoch detém 39% das ações da empresa.


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