São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Corrupção de tabloide contagia a polícia britânica

DON VAN NATTA JR.
DO "NEW YORK TIMES", EM LONDRES

Seis sacos plásticos cheios passaram quase quatro anos empilhados em uma sala de provas da Scotland Yard.
Dentro deles havia um tesouro de evidências: 11 mil páginas de anotações manuscritas trazendo listas de quase 4.000 celebridades, políticos, atletas, policiais e vítimas de crimes cujos telefones podem ter sido grampeados pelo "News of the World".
No entanto, segundo altos funcionários da polícia, entre agosto de 2006, quando os objetos foram apreendidos, e 2010, ninguém na Polícia Metropolitana (Scotland Yard) se deu ao trabalho de estudar o material.
Durante o mesmo período, funcionários experientes da Scotland Yard afirmaram ao Parlamento, a advogados, a potenciais vítimas de grampo, à mídia e ao público que não havia provas do esquema ""de larga escala"" mantido pelo tabloide britânico.
Desde a semana passada, a afirmação foi reduzida a farrapos. Os depoimentos e as novas provas que vieram à tona, além de entrevistas com funcionários atuais e anteriores da polícia, dão conta de que a Scotland Yard e a News International ""que publicava o "NoW", extinto há uma semana, e é a subsidiária britânica da News Corporation, de Rupert Murdoch"" acabaram se misturando a ponto de compartilharem a meta de barrar a investigação.
Deputados disseram estar preocupados com a "porta giratória" existente entre a polícia e a empresa, que até levou o editor chefe do "NoW" na época dos grampos, Neil Wallis, a trabalhar como estrategista de mídia da Scotland Yard. Na sexta, o "New York Times" disse que Wallis se reportava à News International enquanto trabalhava no caso dos grampos.
Executivos e outros profissionais da empresa também mantinham vínculos estreitos com altos escalões da Scotland Yard. Sir Paul Stephenson teve 18 almoços e jantares com executivos e editores da firma durante a investigação, sendo oito com Wallis.
A polícia diz que a investigação original foi limitada porque a unidade encarregada estava ocupada com solicitações mais urgentes.


Texto Anterior: Chefe da Scotland Yard renuncia a cargo
Próximo Texto: BSkyB decidirá liderança após sabatina pública
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.