São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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Crimes já estão no centro do debate eleitoral

DE BUENOS AIRES

Um crime hediondo ganhou as manchetes dos jornais argentinos na última semana, revoltou a população e transformou a violência em centro do debate eleitoral.
Na segunda-feira, a polícia encontrou o corpo de Diego Peralta, 17, às margens de um riacho na Grande Buenos Aires. O jovem havia sido sequestrado 38 dias antes. Além da idade da vítima, três outras circunstâncias chocaram a população: a família já havia pago parte do resgate, o rapaz foi esfaqueado sete vezes e dois policiais foram apontados como suspeitos do assassinato.
Pressionado pela mídia e pelo descontentamento popular, o governo foi obrigado a reagir. O presidente Eduardo Duhalde aumentou de mil para 2.000 o número de policiais federais militarizados que vão atuar na Província de Buenos Aires, o epicentro dos atos de violência. Ele, no entanto, descartou o uso das Forças Armadas para garantir a segurança interna, como se especulava.
Os atos de violência também tiveram repercussões nas campanhas para a eleição presidencial de março. O mais polêmico dos pré-candidatos foi o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), do Partido Justicialista (peronista), que defendeu a pena de morte para crimes hediondos e disse que, se fosse presidente, decretaria imediatamente estado de sítio para conter a violência.
O Congresso também recebeu uma enxurrada de projetos para aumentar a segurança, que prevêem desde o aumento da pena para homicídios e sequestros até a decretação de estado de emergência interna por três anos.
Para o professor Ricardo Sidicaro, especialista em violência da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires, a maioria das propostas é "demagógica". "Os políticos aproveitam o calor do momento. Duvido que, se houvesse um plebiscito dentro de alguns dias, projetos como a pena de morte teriam o apoio da população", disse. (JS)


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