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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Reunião termina sem acordo; previsão era que transferência de controle na Cisjordânia começasse hoje

Retirada de tropas israelenses é adiada

DA REDAÇÃO

A transferência por Israel do controle das cidades de Jericó e Qalqilya para a ANP (Autoridade Nacional Palestina) foi adiada ontem. Uma reunião realizada entre representantes do dois lados foi encerrada sem acordo.
O ministro da Informação palestino, Nabil Amr, já havia divulgado ontem que o processo começaria hoje. A retirada israelense de quatro cidades na Cisjordânia foi acertada na sexta-feira.
"A reunião terminou sem resultados e sem a definição de um calendário. Não vai haver saída amanhã [hoje] e nem no dia seguinte", informou Elias Zananieri, porta-voz do chefe de segurança palestino, Mohamad Dahlan.
O encontro durou cerca de quatro horas. Novas negociações estão previstas para esta semana.
O adiamento pode comprometer o avanço conseguido com o anúncio, na semana passada, da retirada israelense. O acordo havia encerrado um impasse entre os dois lados sobre questões de segurança, o que deu nova força ao plano de paz apoiado pelos EUA.
A programação acertada era que o governo de Israel começasse nesta semana a remover suas tropas de Qalqilya e Jericó -que, na prática, não está ocupada.
Para a última semana de agosto, ficou marcado o início da retirada de Tulkarem e Ramallah, onde o presidente da ANP, Iasser Arafat, é mantido confinado em seu quartel-general há 18 meses.
Israel já havia anunciado ontem, antes do final da reunião, que o esforço da ANP para conter o terrorismo havia permitido o acerto da saída de suas tropas das quatro cidades da Cisjordânia, o que reforçaria o acordo de cessar-fogo com os grupos militantes.
"Nas últimas 48 horas, os palestinos têm feito esforços para interromper e suspender ataques", teria dito o general Aharon Zeevi-Farkash, chefe da inteligência militar, em encontro do governo.
A violência da semana passada, incluindo dois atentados suicidas em retaliação à morte de dois militantes do Hamas em ações israelenses, havia enfraquecido a trégua anunciada no dia 29 de junho pelos principais grupos terroristas palestinos. O Jihad Islâmico já prometeu vingar a morte, na última quinta-feira, de seu chefe em Hebron. Ontem, Israel prendeu o líder do grupo em Qalqilya.
Um acerto para o início da transferência das quatro cidades na Cisjordânia para a ANP depende do que será definido para garantir que os militantes procurados por Israel nesses locais sejam mantidos sob controle.
"Nós vamos fazer de uma maneira gradual e estabelecendo condições: um acordo em relação aos procurados, ações contra a infra-estrutura do terrorismo e a condição de que não vai haver mais ataques", disse o ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz.
Israel tem insistido para que o premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen) desarme os grupos terroristas, como condição para que as transferências de poder nos territórios ocupados sejam feitas.
Após o anúncio do acordo da sexta-feira, autoridades palestinas avaliaram que Mofaz havia amenizado sua posição. O adiamento de ontem, porém, sugere que não.
Mesmo antes dele, o ministro da Defesa israelense já havia se apressado em desmentir que tivesse recuado. "Nós insistimos que a ANP desmantele a infra-estrutura do terrorismo e não vamos fazer nenhum tipo de concessão sobre nossa segurança."
Israel, porém, não espera que as forças palestinas iniciem uma campanha para deter militantes terroristas ao assumirem o controle das quatro cidades. Acredita-se que não é necessário que estejam presos, mas sob controle.
A avaliação palestina, em concordância com essa posição, é que a prisão de militantes aumentaria a disposição ao enfrentamento.


Com agências internacionais

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