|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DEMOGRAFIA
Conclusão é de instituto privado americano, que prevê diminuição de 21% na população japonesa até 2050
País pobre faz população mundial crescer
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Cerca de 98% do crescimento
total da população mundial vai se
dar, nos próximos 45 anos, nos
países em desenvolvimento.
O fato aumentará a concentração de renda no mundo e ajudará
a aprofundar as disparidades entre pobres e ricos em países como
o Brasil, segundo relatório divulgado pelo PRB (Population Reference Bureau), em Washington.
Entre os países desenvolvidos,
os EUA serão a exceção. A população americana deve crescer 43%
até 2050 graças, principalmente,
aos imigrantes hispânicos. Os
EUA devem alcançar 420 milhões
de habitantes até lá, ante os 293
milhões que possuem hoje.
Embora a atual taxa de fertilidade no mundo (de 2,8 filhos por
mulher) seja 50% menor do que
há 50 anos, os nascimentos continuam concentrados nas famílias
mais pobres -um dos fatores
concentradores de renda.
As projeções do PRB tomaram
como base estatísticas e censos de
vários países, relatórios da ONU e
de órgãos internacionais de saúde. O PRB, instituto privado que
atua há 75 anos, é financiado por
fundações como a do milionário
Bill Gates, da Microsoft.
Segundo o estudo, os países miseráveis da África vão liderar o aumento populacional até 2050
-crescimento médio de 119%.
Na América Latina, haverá aumento de 42% (24% no Brasil).
Na Ásia, de 39%. Como contraste,
a população da Europa encolherá
8% nos próximos 45 anos. No Japão, haverá queda de 21%.
"Em termos populacionais, vivemos hoje em dois mundos que
caminham para lados opostos",
afirma Carl Haub, autor do estudo. "Desenvolvimento econômico e controle populacional sempre andam juntos", diz.'
Haub afirma que o Brasil tem sido "bem sucedido" em políticas
de controle da natalidade. Entre o
início dos anos 90 e 2004, o Brasil
diminuiu de 2,5 para 2,2 o número de filhos por mulher.
Nas favelas
Comentando o estudo, Sérgio
Besserman Vianna, ex-presidente
do IBGE, disse à Folha que, embora o Brasil esteja fora do quadro
de explosão demográfica, o número maior de nascimentos nas
famílias mais pobres ajuda a perpetuar a concentração de renda.
Hoje diretor do Instituto Pereira
Santos, ligado à Prefeitura do Rio,
Vianna diz que, enquanto a taxa
média anual de crescimento demográfico do Rio é de 0,74%, ela
sobe para 2,4% nas favelas (0,9
ponto percentual desse total seria
resultado da "fecundidade extra"
dos favelados).
Entre os países com maior explosão, segundo o PRB, figuram
três dos mais pobres do mundo.
Até 2050, a Índia deve ultrapassar a China, alcançando 1,6 bilhão
de pessoas, ante 1,1 bilhão hoje. A
Nigéria quase triplicará a população, para 307 milhões; e Bangladesh a dobrará, para 280 milhões.
As projeções consideram a expectativa de mortes provocadas
pela Aids. Com o controle da
doença, o crescimento pode ser
maior. Se adotadas políticas de
planejamento familiar, menor.
Migrantes férteis
A China é apontada como outro
caso de sucesso, tendo reduzido
sua taxa de fertilidade para 1,7
nascimento por mulher, abaixo
dos 2 registrados nos EUA.
No caso americano, o crescimento vai se concentrar nos imigrantes hispânicos. A taxa de fertilidade entre os brancos não-hispânicos está hoje abaixo da média, em 1,8, e a entre os negros
vem caindo desde o início dos
anos 90 (de 2,5 para os 2,2 atuais).
"O número de imigrantes hispânicos nos EUA hoje não tem
precedentes. A continuar o atual
ritmo, 15% da população será hispânica no fim da década", afirma
Steven Camarota, diretor de pesquisas do Centro para Estudos da
Imigração dos EUA.
Para ele, além de 1,5 milhão de
hispânicos (legais e ilegais) que
entram todo ano nos EUA, o país
absorve mais 750 mil filhos de hispânicos que nascem anualmente.
Segundo as projeções gerais do
PRB, a população mundial deve
atingir 9,2 bilhões de pessoas em
2050, ante os 6,3 bilhões atuais,
um crescimento de 45%. Estimativas da ONU, divulgadas no ano
passado, projetavam esse total somente para 2300.
Texto Anterior: Oriente Médio: Israel mata cinco palestinos ao tentar atingir terrorista do Hamas Próximo Texto: Iraque: Líderes adiam escolha de Assembléia interina Índice
|