São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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IRAQUE

Al Sadr rejeita delegação de paz

Líderes adiam escolha de Assembléia interina

DA REDAÇÃO

Os líderes políticos e religiosos do Iraque adiaram para hoje a escolha dos cem integrantes da Assembléia interina, que redigirá a nova Constituição do país, e enviaram uma delegação para negociar a paz em Najaf. Mas o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, cuja milícia vem confrontando as tropas americanas há 13 dias, se recusou a receber o grupo.
A Conferência Nacional também se tornou palco de uma disputa sobre representatividade. Fuad Massum, o presidente do encontro que reúne mais de 1.300 representantes da sociedade iraquiana, disse que participantes independentes e representantes de entidades não-governamentais poderão apresentar seus próprios candidatos hoje. O grupo rejeitou uma lista anterior de 81 nomes por considerá-la vinculada ao atual governo interino, que, por sua vez foi formado a partir de um conselho indicado pelos EUA durante a ocupação.
Em Bagdá, onde ocorre a conferência, insurgentes dispararam morteiros em uma rua comercial movimentada, matando pelo menos sete pessoas e ferindo 42. No bairro xiita de Sadr City, confrontos entre as forças americanas e a milícia de Al Sadr, o Exército Mehdi, deixaram 14 mortos e 122 feridos desde segunda, informou o Ministério da Saúde iraquiano.
O governo interino enfrenta uma crescente instabilidade em Najaf, cidade considerada sagrada pelos xiitas que, após dois meses de trégua, tornou-se o principal foco de tensão no país.
Após uma tentativa frustrada de negociar um cessar-fogo no último fim de semana, o clérigo radical se recusou ontem a receber uma delegação de líderes políticos e religiosos "por causa da contínua agressão dos americanos", que comandam uma Força Multinacional de 160 mil soldados encarregada de manter a segurança durante o governo interino.
Sob críticas de líderes locais e estrangeiros, os EUA chegaram a entrar em Najaf na semana passada, após sucessivos confrontos em suas cercanias. Mas o comando americano teme que uma ação militar pesada dentro da cidade sagrada provoque um levante nacional no país, majoritariamente xiita, ou mesmo na região.
A delegação de oito integrantes esperou por três horas e foi recebida por assessores de Al Sadr no templo do imã Ali, onde o clérigo está refugiado. Mas não houve progresso sobre o cessar-fogo, e o grupo retornou a Bagdá.
Nas cercanias da cidade e em outros pontos do sul do país, os combates continuaram. Em Basra, conflitos entre o Exército Mehdi e as tropas do Reino Unido, responsáveis pela segurança na cidade, culminaram na morte de um britânico e de um insurgente.
Na conturbada província sunita de Anbar, no oeste do país, um marine foi morto durante uma "operação de segurança", informou o comando dos EUA.


Com agências internacionais

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