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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
ONU enfrenta resistências a força de paz
Exército libanês inicia controle do sul do Líbano, mas falta de regras claras dificulta o envio de tropas internacionais
Subsecretário-geral das Nações Unidas obtém promessa de soldados, mas há dúvidas sobre viabilidade de posicionamento rápido
MICHEL GAWENDO
DE TEL AVIV
Soldados do Exército do Líbano começaram a assumir ontem posições na área do sul do país ocupada por Israel, mas a
perspectiva de pacificação ficou abalada por causa das dificuldades enfrentadas pela
ONU para formar a força internacional encarregada de zelar
pelo cessar-fogo na região.
Depois de reunir-se com representantes de 49 países, o
subsecretário-geral da ONU,
Mark Malloch, obteve promessas de envio de soldados. Mas
levantou dúvidas sobre a viabilidade de seu posicionamento
em tempo hábil.
"Temos [a força] em termos
quantitativos, mas a questão é:
que batalhões podem chegar lá
no tempo necessário?", disse
Malloch. Ele reclamou da
França, que anunciou primeiro
o envio de 200 soldados e depois de 400, e não dos 3.000
previstos inicialmente (leia
texto nesta página).
"Esperávamos, e não fizemos
nenhum segredo, que houvesse
uma contribuição mais forte da
França", disse Malloch. Entre
os países que ofereceram mais
soldados estão Indonésia, Bangladesh e Itália. Para o secretário-geral, "há muito trabalho a
ser feito nos próximos dias para
cumprir o prazo".
A resolução de cessar-fogo
aprovada há uma semana prevê
o aumento para até 15 mil soldados do atual contingente da
ONU no sul do Líbano, com
2.000 integrantes.
O Exército de Israel confirmou que sua retirada da região
pode levar dez dias, mas que será suspensa caso as forças internacionais e libanesas não assumam o controle de fato. O comandante da atual força da
ONU no sul do Líbano, o francês Alain Pellegrini, disse que
ainda não foram fixadas as regras de combate -principal razão pela qual houve hesitação
em comprometer soldados.
Ontem, cerca de 2.500 soldados libaneses assumiram o controle de pelo menos 30 aldeias
no sul do Líbano. Segundo o
Exército de Israel, metade do
território ocupado durante o
conflito foi transferido para
controle libanês.
Segundo a resolução da
ONU, o Exército do Líbano e as
forças internacionais serão responsáveis pelo patrulhamento
da área entre o rio Litani, a 30
km da fronteira, e Israel. O texto implica o desarmamento do
grupo terrorista Hizbollah
-que se recusa a abrir mão das
armas, afirmando ser a única
força capaz de conter Israel.
Posição estratégica
Ontem, guerrilheiros do Hizbollah não interferiram na entrada das tropas libanesas. A
primeira cidade à qual chegou o
Exército do Líbano foi Marjayoun, de maioria cristã, a 8 km
da fronteira, que deverá ser a
sede da força internacional, por
ter posição estratégica, com visão para o vale do rio Litani.
Segundo agências de notícias, mais de 200 mil libaneses
voltaram para o sul do país antes mesmo da retirada total dos
israelenses. Duas crianças
morreram ontem na explosão
de munição que restou do conflito na aldeia de Naqoura.
Um avião da empresa Middle
East Airlines pousou ontem no
aeroporto internacional Hafik
Hariri, em Beirute, no primeiro
vôo comercial desde 13 de julho, quando Israel bombardeou
suas pistas. Apesar disso, o governo israelense afirma que
ainda não encerrou os bloqueios aéreo, marítimo e terrestre do Líbano.
A trégua começou oficialmente na segunda-feira e vem
sendo respeitada, mas soldados
de Israel mataram pelo menos
dez guerrilheiros em tiroteios.
Os militares israelenses têm
ordem para disparar em caso
de "ameaça iminente".
O conflito começou em 12 de
julho, depois que o Hizbollah
seqüestrou dois soldados de Israel e matou oito. Inicialmente,
Israel retaliou com bombardeios aéreos à infra-estrutura
libanesa e a bases do Hizbollah.
Depois, invadiu o sul do Líbano
com 30 mil soldados. O grupo
xiita disparou foguetes e mísseis contra Israel durante todo
o conflito. Segundo números
oficiais, ao menos 1.110 libaneses e 157 israelenses morreram.
Com agências internacionais
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