São Paulo, quinta-feira, 18 de agosto de 2011

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DE NOVO, A CRISE

Proposta franco-alemã pune deficit fiscal

Em carta, Sarkozy e Merkel propõem cortar acesso a fundos de desenvolvimento de países sem controle de gastos

Iniciativa conjunta dos dois países, com metade da economia do euro, tem por objetivo salvar moeda única em crise

DE SÃO PAULO

Depois de lançar propostas para fortalecer o euro que não convenceram o mercado, a Alemanha e a França defenderam ontem punições para países que não tomarem medidas para controlar o rombo nas contas públicas.
Os dois países- que juntos representam quase a metade da economia da zona do euro- pedem que os governos não comprometidos com a redução do deficit público percam o acesso aos fundos europeus de desenvolvimento, conhecidos como fundos estruturais e fundo de coesão.
A proposta foi feita em carta enviada ontem pelos líderes ao presidente do Conselho Europeu, o belga Herman van Rompuy. Esses fundos são diferentes daqueles usados para socorrer os países em crise. Eles foram criados para ajudar a reduzir as desigualdades entre os países da União Europeia e aumentar a competitividade da região.
Na prática, o dinheiro é usado para projetos sociais, de infraestrutura e outros investimentos.
No período de 2007 a 2013, os dois fundos estruturais e o de coesão tiveram um Orçamento de € 347 bilhões (cerca de R$ 800 bi), cerca de 40% do Orçamento europeu.
O castigo sugerido pela chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, para os países que não buscarem equilibrar as contas valeria de 2014 a 2020. O Orçamento dos fundos para o período ainda não foi fechado.

ROMBOS
A União Europeia estabelece que os países do bloco devem manter o deficit público abaixo de 3%, mas na prática poucos países cumprem a meta.
Se a proposta for colocada em prática, até a França poderia perder os fundos. No ano passado, o deficit público francês foi de 7%. Por isso, o texto cobra medidas dos governos, mas não resultados. Os países que quiserem continuar a acessar os fundos de desenvolvimento devem "seguir as recomendações de medidas para reduzir o deficit excessivo."
A carta traz as propostas anunciadas anteontem por Merkel e Sarkozy para criar um "verdadeiro governo econômico", como o pedido para os países da zona do euro incluírem nas suas legislações as metas de deficit público até meados de 2012. E pede para que discutam criação de um imposto comum para empresas.
Enquanto analistas criticaram as propostas franco-germânicas, os mercados mostraram indiferença. A Bolsa de Paris fechou em alta de 0,7% e a de Londres em queda de 0,5%.
Embora esteja fora do euro, o Reino Unido contribuiu para agravar as más notícias do continente ontem, ao registrar desemprego recorde: a taxa subiu de 7,8% para 7,9% no segundo trimestre deste ano.


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