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IRAQUE OCUPADO
Comandante diz que os americanos agora são alvo também de iraquianos comuns, devido à ocupação
Hostilidade é generalizada, admitem EUA
DA REDAÇÃO
Em meio aos constantes ataques de guerrilha, os soldados
americanos no Iraque se deparam
agora com ataques vindos da população comum, revoltada com a
ocupação. A revelação foi feita pelo comandante das tropas americanas no país, general Ricardo
Sanchez, em entrevista publicada
ontem pelo jornal londrino "The
Times". Relatórios de inteligência
citados pelo "New York Times"
ratificam a informação.
Diante da cada vez pior situação
de segurança no país, as forças
americanas aumentaram o número de ações de busca e patrulhamento nas regiões mais tensas.
Mas as operações vêm alimentando o ressentimento da população,
com revistas cada vez mais invasivas que, frequentemente, ignoram os costumes sociais e religiosos iraquianos.
"Temos percebido que, quando
cometemos um incidente de conduta durante nossas operações,
quando matamos um civil inocente, eles buscam vingança baseados em seus valores éticos e
culturais", disse Sanchez.
Não foram registradas baixas
em ações hostis entre as fileiras
americanas ontem -no pós-guerra essas mortes somam 72-,
mas uma série de ataques a bomba em Al Taji, ao norte de Bagdá,
deixou feridos.
Outro soldado foi morto em um
"incidente não-hostil com uma
arma", segundo o comando americano. Ao todo, as baixas americanas no pós-guerra somam 156.
Segundo Sanchez, as forças da
coalizão estão tentando "assegurar, quando um erro é cometido e
inadvertidamente acabam matando alguém, que seja feita a coisa certa culturalmente, que é cuidarmos da família [da vítima]",
disse o general, sem detalhar o
procedimento nesses casos.
O jornal americano "The New
York Times" citou, em uma reportagem divulgada ontem em
sua edição on-line, que novos relatórios dos serviços de inteligência dos EUA alertam o comando
militar para o fato de que, nos
próximos meses, o maior inimigo
das tropas no país deve ser o ressentimento da população.
De libertadores a invasores
"Para muitos iraquianos, nós
não somos mais os caras que depuseram [o ex-ditador] Saddam
[Hussein], mas aqueles que estão
derrubando suas portas e se intrometendo entre suas mulheres e filhas", disse um funcionário do
Departamento da Defesa -que
não quis ser identificado pelo jornal nova-iorquino.
Ainda citando funcionários do
departamento, a reportagem afirma que a perspectiva para a situação de segurança iraquiana é muito diferente daquela descrita pelo
presidente George W. Bush e pelo
secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld.
O governo dos EUA frequentemente atribui os ataques sofridos
por suas tropas no Iraque a "simpatizantes do regime deposto" ou
a "terroristas estrangeiros" que se
infiltrariam pelas fronteiras do
país, além de citar "criminosos
iraquianos comuns".
Entretanto uma pesquisa recente feita por uma agência de inteligência do Departamento de Estado -cujo resultado é confidencial- mostraria um alto grau de
hostilidade à presença americana
no país, afirmaram os funcionários. Essa hostilidade se estenderia muito além do chamado
"Triângulo Sunita", região a noroeste de Bagdá que concentra
simpatizantes do regime deposto
e tem sido palco frequente de ataques, chegando inclusive ao sul,
onde a maioria da população é
xiita e, no início da ocupação,
mostrava maior receptividade às
forças anglo-americanas.
Um oficial militar citado pelo
jornal teria afirmado que, recentemente, as recompensas oferecidas no Iraque por ataques a soldados dos EUA subiram para até
US$ 5.000.
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