São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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Só após alianças alemães saberão quem governará

DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Nunca na história da República Federal da Alemanha, criada em 1949, o eleitorado se sentiu tão perdido em relação a seu segundo voto, o da escolha da lista partidária. Afinal, ele poderá, segundo pesquisas, não representar a vontade do votante uma vez encerrado o escrutínio.
Cabe aqui uma explicação: o eleitor vota duas vezes no sistema de voto distrital misto alemão. Primeiro, escolhe um candidato para representar seu distrito. Depois, vota numa lista cujos parlamentares serão eleitos de acordo com a votação proporcional de cada partido.
Para complicar ainda mais esse quadro, poderá haver mandatos suplementares se um partido eleger mais candidatos diretos do que sua porcentagem proporcional permitirá -o número de cadeiras não é fixo.
Se as pesquisas estiverem corretas, os conservadores da CDU e os liberais do FDP poderão conquistar a maioria das cadeiras no Bundestag, o que constituirá o melhor dos cenários para ambas as legendas. Mas eles também poderão ficar aquém dos 50%, abrindo caminho para outras hipóteses, sendo a mais provável a formação de uma grande coalizão, na qual a CDU será o principal partido do governo, mas precisará convidar seus rivais do SPD, de Schröder, a compartir o poder.
Nesse caso, ele se despedirá da política alemã, pois ninguém crê que aceite que o SPD seja o "partido menor" no governo.
Schröder só permanecerá à frente do governo se todas as pesquisas estiverem erradas, o que poderá permitir que o SPD e os Verdes fiquem com mais de 50% dos assentos, ou se engolir seu orgulho e o que considera uma traição de Oskar Lafontaine, ex-presidente do SPD e hoje um dos líderes do Partido da Esquerda, se este obtiver uma boa votação e se dispuser a aliar-se aos social-democratas e aos Verdes.
Mesmo assim, ainda será preciso que o SPD e os Verdes obtenham a melhor votação prevista nas pesquisas e que o partido ambientalista, do ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, admita compartilhar o poder com os "populistas", segundo sua própria definição, da Wasg e com ex-comunistas da extinta Alemanha Oriental, que compõem o Partido da Esquerda.
Nesse quebra-cabeça, é possível que os alemães tenham de aguardar alguns dias até saber quem os governará. (MSM)

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