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Só após alianças alemães saberão quem governará
DO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Nunca na história da República Federal da Alemanha, criada em 1949, o eleitorado se sentiu tão perdido
em relação a seu segundo
voto, o da escolha da lista
partidária. Afinal, ele poderá, segundo pesquisas, não
representar a vontade do votante uma vez encerrado o
escrutínio.
Cabe aqui uma explicação:
o eleitor vota duas vezes no
sistema de voto distrital misto alemão. Primeiro, escolhe
um candidato para representar seu distrito. Depois,
vota numa lista cujos parlamentares serão eleitos de
acordo com a votação proporcional de cada partido.
Para complicar ainda mais
esse quadro, poderá haver
mandatos suplementares se
um partido eleger mais candidatos diretos do que sua
porcentagem proporcional
permitirá -o número de
cadeiras não é fixo.
Se as pesquisas estiverem
corretas, os conservadores
da CDU e os liberais do FDP
poderão conquistar a maioria das cadeiras no Bundestag, o que constituirá o melhor dos cenários para ambas as legendas. Mas eles
também poderão ficar
aquém dos 50%, abrindo caminho para outras hipóteses, sendo a mais provável a
formação de uma grande
coalizão, na qual a CDU será
o principal partido do governo, mas precisará convidar
seus rivais do SPD, de Schröder, a compartir o poder.
Nesse caso, ele se despedirá da política alemã, pois
ninguém crê que aceite que
o SPD seja o "partido menor" no governo.
Schröder só permanecerá
à frente do governo se todas
as pesquisas estiverem erradas, o que poderá permitir
que o SPD e os Verdes fiquem com mais de 50% dos
assentos, ou se engolir seu
orgulho e o que considera
uma traição de Oskar Lafontaine, ex-presidente do SPD
e hoje um dos líderes do Partido da Esquerda, se este obtiver uma boa votação e se
dispuser a aliar-se aos social-democratas e aos Verdes.
Mesmo assim, ainda será
preciso que o SPD e os Verdes obtenham a melhor votação prevista nas pesquisas
e que o partido ambientalista, do ministro das Relações
Exteriores, Joschka Fischer,
admita compartilhar o poder com os "populistas", segundo sua própria definição, da Wasg e com ex-comunistas da extinta Alemanha Oriental, que compõem
o Partido da Esquerda.
Nesse quebra-cabeça, é
possível que os alemães tenham de aguardar alguns
dias até saber quem os governará.
(MSM)
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