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GUERRA SEM LIMITES
Reunidos em congresso sobre terror, especialistas prevêem cooptação de muçulmanos europeus para jihad
Europa teme refluxo e ação de terroristas treinados no Iraque
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HERZELIYA (ISRAEL)
Países da Europa ocidental temem que muçulmanos radicais
que participam da insurgência no
Iraque voltem ao continente treinados em técnicas de terrorismo
urbano e atraiam membros das
comunidades islâmicas locais para o jihad global.
"Entre os estrangeiros que participam da insurgência no Iraque,
há aspirantes a jihadistas de diversos países membros da União
Européia. Aqueles que voltarem
para a Europa podem ter adquirido conhecimentos em guerra urbana que representam um perigo
claro para a sociedade européia",
disse Gijs de Vries, coordenador
de combate ao terrorismo da UE.
"Muitos vão tentar explorar sua
posição para incentivar a violência extremista nas comunidades
islâmicas da Europa", disse De
Vries durante conferência de quatro dias sobre o impacto do terrorismo, realizada em Herzeliya (Israel), com acadêmicos e autoridades de mais de 50 países.
A ameaça é vista com mais gravidade em países com comunidades islâmicas expressivas, como
Reino Unido, Alemanha, Suécia,
Holanda e França, sobretudo
após os atentados executados por
muçulmanos britânicos em Londres. A comunidade islâmica na
Europa é estimada em 15 milhões.
"Não sabemos exatamente
quantos muçulmanos europeus
saíram. Não sabemos se um número significativo voltou ou voltará. Mas sabemos que um pequeno número pode executar ataques
devastadores", disse Ernst Uhrlau, diretor de Coordenação de
Inteligência do governo alemão.
Para Bruce Hoffman, diretor da
organização de contraterrorismo
Rand, dos EUA, considerado um
dos maiores especialistas do assunto naquele país, os ex-combatentes no Iraque vão voltar para a
Europa treinados e com experiência de combate em guerrilha urbana, seqüestros e execuções e
procurar apoio local.
"Eles vão tentar recrutar jovens
muçulmanos assimilados pelas
culturas dos países", disse Hoffmann, que estima que 3.000 britânicos muçulmanos já tenham sido treinados pela Al Qaeda.
Não é só o conhecimento de ex-combatentes do Iraque que preocupa. Instruções para fabricar
bombas caseiras e para deixar o
maior número possível de vítimas
estão disponíveis em sites.
"Hoje existe uma "Universidade Aberta do Jihad" na internet.
Os radicais podem aprender não
somente a fazer bombas, mas
também a ideologia extremista",
disse Reuven Paz, pesquisador de
movimentos islâmicos do Centro
Interdisciplinar de Herzeliya.
Outra preocupação da Europa é
a adoção do mesmo tipo de violência extremista por jovens marginalizados pela sociedade. "Eles
podem recorrer à violência, até
mesmo a ataques suicidas, se não
forem oferecidas alternativas sociais", disse o comissário de polícia de Londres James Hart.
Jurisprudência e preparo
Quanto ao uso de uso de armas
não-convencionais por grupos islâmicos radicais, os debates concluíram que equipes médicas e
pesquisadores conhecem o tema,
mas que não há coordenação com
lideranças políticas. "A questão
sobre as armas de destruição em
massa é "quando" e "onde'", disse
Klaus Naumann, ex-presidente
do Comitê Militar da Otan.
A tendência na Europa e nos
EUA prevista para os próximos
anos é de maior redução de liberdades civis pela segurança comum, revisão das convenções internacionais sobre guerras e criação de novas regras jurídicas
adaptadas ao combate urbano.
"Os governos vão ter que encontrar o equilíbrio entre o combate efetivo ao terrorismo, os danos aos valores das sociedades e a
legitimidade do poder", disse
Boaz Ganor, do Instituto de Política Internacional de Contraterrorismo de Herzeliya (ICT).
Para Alan Dershowitz, da Faculdade de Direito da Universidade
Harvard, enquanto em Israel as
leis sobre terrorismo são decididas conforme a necessidade, outros países ainda não sabem como
lidar com os dilemas de combate
terroristas em meio à população.
"Hoje não há jurisprudência sobre prevenção do terrorismo. Isso
ainda levará tempo."
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