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Economista elogia FHC e Clinton mas critica o colega de partido George Bush
DE WASHINGTON
O melhor da biografia de
Alan Greenspan não entrou no
livro, pelo menos não com todas as palavras. É a cantada que
ele deu em sua atual mulher,
Andrea Mitchell, que cobria
economia para a emissora NBC
nos anos 80. Os dois contaram
a história numa de suas recentes entrevistas às TV dos EUA.
Após ter feito de tudo para se
aproximar da jornalista, inclusive ter virado sua fonte por
dois anos, o economista encontrou coragem para convidá-la
para subir até seu apartamento
após um jantar. "Você não gostaria de ler um ensaio meu sobre juros compostos?", ela disse que ele perguntou. Ao que
Greenspan corrige: "Juros
compostos não, monopólios!".
Os momentos em que aquele
que foi o mais influente economista do mundo por 20 anos se
expõe assim são raros -mas
são os mais saborosos ao público não-especializado de um livro que se divide em biografia
convencional e arrazoado econômico, muitas vezes escrito
na linguagem tortuosa e pouco
clara que fez a fama do autor.
Se para o norte-americano
foi uma surpresa a defesa que o
republicano faz do presidente
Bill Clinton e as palavras duras
que reserva a George W. Bush e
Dick Cheney, não chegará a assustar o brasileiro o fato de que
Alan Greenspan sai das mais de
500 páginas um "fernandista".
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso é citado em
20 páginas (pelo menos na versão americana do livro, aqui
tratada), sempre de maneira
elogiosa. Não só: seu ex-ministro da Fazenda Pedro Malan
("altamente competente") e
seu ex-presidente do BC Arminio Fraga (incluído na lista de
"fazedores de política de talento excepcional", com quem "teve o prazer de trabalhar") também aparecem.
O mesmo carinho não merece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mencionado em
duas páginas (uma delas dividindo espaço com Arminio
Fraga), é chamado de "populista brasileiro com muitos seguidores" e só é elogiado por ter
seguido "as políticas sensíveis"
previstas pelo Plano Real, com
a qual seu antecessor, FHC,
"domou a hiperinflação do Brasil no começo dos anos 90".
A segunda citação ao atual
presidente é comparativa:
Greenspan está especulando
como seria um governo do populista Andrés Manuel López
Obrador, caso ele tivesse vencido as eleições mexicanas de
2006. "Não tenho idéia se ele
seria mais um Lula do que um
Chávez."
(SÉRGIO DÁVILA)
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