São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Economista elogia FHC e Clinton mas critica o colega de partido George Bush

DE WASHINGTON

O melhor da biografia de Alan Greenspan não entrou no livro, pelo menos não com todas as palavras. É a cantada que ele deu em sua atual mulher, Andrea Mitchell, que cobria economia para a emissora NBC nos anos 80. Os dois contaram a história numa de suas recentes entrevistas às TV dos EUA.
Após ter feito de tudo para se aproximar da jornalista, inclusive ter virado sua fonte por dois anos, o economista encontrou coragem para convidá-la para subir até seu apartamento após um jantar. "Você não gostaria de ler um ensaio meu sobre juros compostos?", ela disse que ele perguntou. Ao que Greenspan corrige: "Juros compostos não, monopólios!".
Os momentos em que aquele que foi o mais influente economista do mundo por 20 anos se expõe assim são raros -mas são os mais saborosos ao público não-especializado de um livro que se divide em biografia convencional e arrazoado econômico, muitas vezes escrito na linguagem tortuosa e pouco clara que fez a fama do autor.
Se para o norte-americano foi uma surpresa a defesa que o republicano faz do presidente Bill Clinton e as palavras duras que reserva a George W. Bush e Dick Cheney, não chegará a assustar o brasileiro o fato de que Alan Greenspan sai das mais de 500 páginas um "fernandista".
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é citado em 20 páginas (pelo menos na versão americana do livro, aqui tratada), sempre de maneira elogiosa. Não só: seu ex-ministro da Fazenda Pedro Malan ("altamente competente") e seu ex-presidente do BC Arminio Fraga (incluído na lista de "fazedores de política de talento excepcional", com quem "teve o prazer de trabalhar") também aparecem.
O mesmo carinho não merece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mencionado em duas páginas (uma delas dividindo espaço com Arminio Fraga), é chamado de "populista brasileiro com muitos seguidores" e só é elogiado por ter seguido "as políticas sensíveis" previstas pelo Plano Real, com a qual seu antecessor, FHC, "domou a hiperinflação do Brasil no começo dos anos 90".
A segunda citação ao atual presidente é comparativa: Greenspan está especulando como seria um governo do populista Andrés Manuel López Obrador, caso ele tivesse vencido as eleições mexicanas de 2006. "Não tenho idéia se ele seria mais um Lula do que um Chávez." (SÉRGIO DÁVILA)


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