São Paulo, terça-feira, 18 de setembro de 2007

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Para britânico, ação militar precisa ter chancela da ONU

ANDREA MURTA
DA REDAÇÃO

O impasse envolvendo o programa nuclear iraniano é um teste para a agência de energia atômica da ONU, a AIEA, e para seu diretor, o egípcio Mohammed El Baradei, disse à Folha o ministro-adjunto das Relações Exteriores britânico, Kim Howells, que esteve em São Paulo na última semana.
"Eles têm que ser muito firmes", afirmou. "Se o Irã não obedecer aos acordos nucleares internacionais, não podemos deixá-lo escapar impune."
Mas, em meio a tensões crescentes entre a agência e as potência que criticam sua posição quanto a Teerã -como os EUA e a França-, Howells defendeu a importância da chancela do organismo internacional em eventuais ações contra o país persa. E ele não descarta, entre essas opções, uma retaliação militar -embora defenda que a abordagem preferida por Londres é a diplomática.
"A ONU tem que resolver se vai agir para manter seu objetivo declarado de impedir a proliferação de armas nucleares. Se não, quem no futuro vai prestar qualquer atenção na organização?", questionou.
Teerã diz que seu programa visa produzir eletricidade, mas seus críticos acreditam que a meta seja construir a bomba. Para Howells, ampliar no escopo da ONU as sanções vigentes contra o país seria a melhor forma de alcançar o objetivo de desmantelar o programa.
"Queremos que a ONU aplique as sanções necessárias para enfatizar o quanto somos sérios em relação à essa questão. Os iranianos morrem de medo de não poderem transferir dinheiro e bens de um lugar para o outro, e, se tivermos sanções financeiras mais firmes, eles prestarão mais atenção."

Iraque
Enquanto a pressão contra o Irã aumenta em nível diplomático, no Iraque a tensão mobiliza tropas. Os EUA acusam Teerã de armar e financiar milícias xiitas no Iraque.
Recentemente, cerca de 350 soldados britânicos, que antes cuidavam da segurança de Basra (sul), foram deslocados para a fronteira com o Irã. "Temos uma responsabilidade na região de fronteira, e se o governo e as tropas iraquianas nos pedirem ajuda, vamos fornecê-la", afirmou Howells.
Mas o número 2 da Chancelaria britânica afirmou crer que o trabalho de pacificar o país caiba agora aos iraquianos. "Eles têm que decidir quando vão parar de matar uns aos outros." Maior aliado dos EUA na invasão do Iraque, em março de 2003, o Reino Unido acaba de reduzir de 5.500 para 5.000 homens seu contingente no país, atualmente concentrado no aeroporto de Basra.

Fronteiras seguras
A visita de Howells ao Brasil incluiu a inauguração do novo centro de vistos do Consulado Britânico no Rio de Janeiro, que atende às mudança nas requisições de vistos para o Reino Unido. O país passou a exigir impressões digitais e fotos em alguns casos.
"Nossa preocupação é tanto em relação ao terrorismo quanto a imigração ilegal", disse. "Seremos muito mais rigorosos em avaliar as pessoas que querem ir para o Reino Unido."


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