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Eleição afegã tem recorde de candidatas
Mulheres que concorrem hoje a uma das 249 vagas no Parlamento, porém, são alvo preferencial de ameaças
Observadores eleitorais
relatam que 90% das
intimidações, muitas
pelo Taleban, foram
endereçadas a elas
LEILA CORREIA
DE SÃO PAULO
As eleições parlamentares
de hoje no Afeganistão, na
qual serão escolhidos 249
membros da câmara baixa da
Assembleia Nacional, atraíram um número recorde de
mulheres candidatas, apesar
de suas campanhas terem sofrido intensas ameaças.
De 2.583 candidatos, há
401 mulheres concorrendo à
Wolesi Jirga ("casa do povo",
no idioma pashtun).
O número é cerca de 20%
superior ao de 2005, quando
68 mulheres foram eleitas
-quatro a mais do que o mínimo exigido por lei. q
Segundo a Fundação por
uma Eleição Livre e Justa do
Afeganistão (Fefa), que coordena observadores eleitorais, 90% das ameaças são
contra mulheres.
Na Província de Ghor, uma
candidata teve de suspender
sua campanha e mudar-se
para a capital após ameaças
do Taleban.
Mas Martine van Bijlert,
codiretora do "think tank"
Rede de Analistas do Afeganistão, baseado em Cabul,
disse que os culpados não
são apenas os insurgentes.
"Algumas ameaças vêm
do Taleban, outras de comandantes conservadores
locais e clérigos e outras ainda de partidários de rivais."
Em agosto, no oeste do
país, cinco voluntários da
parlamentar Fauzia Gilani
foram encontrados mortos. O
Taleban não assumiu os assassinatos, mas Gilani disse
que, ali, "a sociedade é controlada por homens".
"CORAJOSAS MULHERES"
A Fefa relatou que os esforços de intimidação contra
mulheres envolvidas nas
eleições foram organizados.
As ameaças geralmente
eram feitas por telefonemas e
cartas, muitas no meio da
noite, alertando-as para interromper suas campanhas
ou sofrer violência.
As candidatas reclamaram
que o governo mostrou indiferença às suas preocupações sobre segurança.
Mesmo assim, muitas
mantiveram as candidaturas, embora em alguns locais, como as Províncias
mais inseguras do sul e do
sudeste, suas campanhas tenham sido quase invisíveis.
"O Afeganistão tem algumas mulheres muito determinadas e corajosas", afirmou Van Biljert. "Talvez algumas tenham sentido necessidade de participar."
As candidatas vêm de diversos setores: algumas já tiveram empregos públicos,
outras vêm da sociedade civil
ou da mídia.
Outras são bastante conhecidas, como Fareda Tarana, que, em 2005, ficou em
oitavo lugar em concurso de
música na TV (similar ao Ídolos) e cujas canções ainda
são tocadas no rádio e na TV.
Mulheres afegãs ainda
enfrentam barreiras para
participar da política
folha.com.br/mu800471
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