São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2010

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Eleição afegã tem recorde de candidatas

Mulheres que concorrem hoje a uma das 249 vagas no Parlamento, porém, são alvo preferencial de ameaças

Observadores eleitorais relatam que 90% das intimidações, muitas pelo Taleban, foram endereçadas a elas


LEILA CORREIA
DE SÃO PAULO

As eleições parlamentares de hoje no Afeganistão, na qual serão escolhidos 249 membros da câmara baixa da Assembleia Nacional, atraíram um número recorde de mulheres candidatas, apesar de suas campanhas terem sofrido intensas ameaças.
De 2.583 candidatos, há 401 mulheres concorrendo à Wolesi Jirga ("casa do povo", no idioma pashtun). O número é cerca de 20% superior ao de 2005, quando 68 mulheres foram eleitas -quatro a mais do que o mínimo exigido por lei. q Segundo a Fundação por uma Eleição Livre e Justa do Afeganistão (Fefa), que coordena observadores eleitorais, 90% das ameaças são contra mulheres.
Na Província de Ghor, uma candidata teve de suspender sua campanha e mudar-se para a capital após ameaças do Taleban.
Mas Martine van Bijlert, codiretora do "think tank" Rede de Analistas do Afeganistão, baseado em Cabul, disse que os culpados não são apenas os insurgentes.
"Algumas ameaças vêm do Taleban, outras de comandantes conservadores locais e clérigos e outras ainda de partidários de rivais." Em agosto, no oeste do país, cinco voluntários da parlamentar Fauzia Gilani foram encontrados mortos. O Taleban não assumiu os assassinatos, mas Gilani disse que, ali, "a sociedade é controlada por homens".

"CORAJOSAS MULHERES"
A Fefa relatou que os esforços de intimidação contra mulheres envolvidas nas eleições foram organizados. As ameaças geralmente eram feitas por telefonemas e cartas, muitas no meio da noite, alertando-as para interromper suas campanhas ou sofrer violência.
As candidatas reclamaram que o governo mostrou indiferença às suas preocupações sobre segurança. Mesmo assim, muitas mantiveram as candidaturas, embora em alguns locais, como as Províncias mais inseguras do sul e do sudeste, suas campanhas tenham sido quase invisíveis. "O Afeganistão tem algumas mulheres muito determinadas e corajosas", afirmou Van Biljert. "Talvez algumas tenham sentido necessidade de participar."
As candidatas vêm de diversos setores: algumas já tiveram empregos públicos, outras vêm da sociedade civil ou da mídia. Outras são bastante conhecidas, como Fareda Tarana, que, em 2005, ficou em oitavo lugar em concurso de música na TV (similar ao Ídolos) e cujas canções ainda são tocadas no rádio e na TV.

Mulheres afegãs ainda enfrentam barreiras para participar da política

folha.com.br/mu800471


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