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ELEIÇÃO NOS EUA
"New York Times" e "Miami Herald" recomendam voto no democrata; Bush sobe dez pontos em pesquisa Gallup
Kerry obtém apoio de 27 jornais americanos
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Encabeçados pelo "New York
Times", 27 jornais norte-americanos anunciaram ontem o apoio à
candidatura do democrata John
Kerry à eleição presidencial de 2
de novembro.
O presidente republicano George W. Bush também recebeu o
apoio declarado de nove jornais,
com o "Chicago Tribune", que
tem forte penetração no meio-oeste americano, à frente.
Segundo a empresa de mídia
Editor and Publisher, Kerry já recebeu no total o endosso de 42
diários norte-americanos nesta
campanha, contra 22 para Bush.
Sem nenhuma surpresa, Kerry
ganhou os apoios do ""Boston
Globe", influente diário de seu Estado natal, Massachussets, e do
"San Francisco Chronicle", um
dos principais jornais de uma das
mais liberais cidades dos EUA.
Mas o democrata também angariou apoio de jornais de médio
e grande porte em Estados considerados chave nesta eleição por
estarem divididos, como Ohio,
Minnesota e Flórida, onde obteve
aval do "Miami Herald".
Além do "Chicago Tribune",
Bush teve o apoio de dois jornais
influentes no Texas, Estado que
governou antes de se tornar presidente, e de publicações no Novo
México, Colorado e Nebraska.
Entre os diários mais influentes
do país, o "Washington Post", o
"Los Angeles Times" e o "Wall
Street Journal" ainda não se manifestaram abertamente.
O apoio não totalmente inesperado e "entusiástico" do "New
York Times" a Kerry apareceu em
editorial de quase meia página.
"Ele (Kerry) tem as qualidades
que podem ser a base para um
grande comandante-em-chefe, e
não apenas uma modesta evolução em relação ao atual presidente", diz o editorial do mais influente jornal americano. ""Estamos impressionados com o largo
conhecimento de Kerry e com seu
modo claro de pensar."
Dois terços do editorial, no entanto, compõem um arrazoado
de críticas contra o presidente
Bush, cuja administração é considerada um "desastre".
Bush é acusado de ter conduzido os EUA a uma ""direita radical", de suprimir liberdades individuais, de ser fiscalmente irresponsável e de ter colocado o país
em uma situação que inspirou o
"desdém" do resto do mundo.
Ao apoiar Bush, o "Chicago Tribune" afirma que, comparado a
Kerry, o republicano "tem um
senso maior da tarefa de um presidente de defender a América".
Bush avança
Pesquisa "USA Today"/CNN/
Gallup divulgada ontem coloca
Bush oito pontos à frente de Kerry
entre prováveis eleitores -52% a
44%. Como a margem de erro do
levantamento é de quatro pontos
percentuais, os dois candidatos
estão em empate técnico, mas o
presidente teve ganho real em relação à pesquisa anterior. Subiu
dez pontos, enquanto Kerry caiu
cinco pontos. O levantamento foi
realizado quinta e sábado, após o
último debate presidencial.
Outras duas pesquisas indicaram equilíbrio maior. O "Washington Post" mostrou Bush com
50% e Kerry com 47%. Pesquisa
Reuters/ Zogby deu 46% para
Bush e 44% para Kerry. Nos dois
casos, por causa da margem de erro, os dois candidatos estão virtualmente empatados.
Nos últimos dias, alguns movimentos na campanha de Kerry
começaram a revelar uma estratégia mais pesada, de "tudo ou nada" em termos retóricos, que vinha sendo mais marcante até agora no lado republicano.
No fim de semana, a campanha
de Kerry alardeou que o presidente Bush pretende tomar medidas
para tornar o alistamento militar
nos EUA obrigatório por causa da
falta de voluntários para a Guerra
do Iraque. Há dez dias, durante o
segundo debate presidencial, o
próprio presidente negou publicamente essa possibilidade.
Ontem, em Ohio, Kerry voltou a
usar a mesma tática ao afirmar
que Bush prepara, caso reeleito,
"uma grande surpresa para janeiro" que poderá retirar até US$ 500
mensais dos aposentados.
Com base em declaração do
presidente publicada pela revista
dominical do "New York Times",
Kerry disse que Bush poderá reduzir em até 45% os benefícios de
algumas aposentadorias com a
"privatização" da Previdência.
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