São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

"New York Times" e "Miami Herald" recomendam voto no democrata; Bush sobe dez pontos em pesquisa Gallup

Kerry obtém apoio de 27 jornais americanos

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Encabeçados pelo "New York Times", 27 jornais norte-americanos anunciaram ontem o apoio à candidatura do democrata John Kerry à eleição presidencial de 2 de novembro.
O presidente republicano George W. Bush também recebeu o apoio declarado de nove jornais, com o "Chicago Tribune", que tem forte penetração no meio-oeste americano, à frente.
Segundo a empresa de mídia Editor and Publisher, Kerry já recebeu no total o endosso de 42 diários norte-americanos nesta campanha, contra 22 para Bush.
Sem nenhuma surpresa, Kerry ganhou os apoios do ""Boston Globe", influente diário de seu Estado natal, Massachussets, e do "San Francisco Chronicle", um dos principais jornais de uma das mais liberais cidades dos EUA.
Mas o democrata também angariou apoio de jornais de médio e grande porte em Estados considerados chave nesta eleição por estarem divididos, como Ohio, Minnesota e Flórida, onde obteve aval do "Miami Herald".
Além do "Chicago Tribune", Bush teve o apoio de dois jornais influentes no Texas, Estado que governou antes de se tornar presidente, e de publicações no Novo México, Colorado e Nebraska.
Entre os diários mais influentes do país, o "Washington Post", o "Los Angeles Times" e o "Wall Street Journal" ainda não se manifestaram abertamente.
O apoio não totalmente inesperado e "entusiástico" do "New York Times" a Kerry apareceu em editorial de quase meia página.
"Ele (Kerry) tem as qualidades que podem ser a base para um grande comandante-em-chefe, e não apenas uma modesta evolução em relação ao atual presidente", diz o editorial do mais influente jornal americano. ""Estamos impressionados com o largo conhecimento de Kerry e com seu modo claro de pensar."
Dois terços do editorial, no entanto, compõem um arrazoado de críticas contra o presidente Bush, cuja administração é considerada um "desastre".
Bush é acusado de ter conduzido os EUA a uma ""direita radical", de suprimir liberdades individuais, de ser fiscalmente irresponsável e de ter colocado o país em uma situação que inspirou o "desdém" do resto do mundo.
Ao apoiar Bush, o "Chicago Tribune" afirma que, comparado a Kerry, o republicano "tem um senso maior da tarefa de um presidente de defender a América".

Bush avança
Pesquisa "USA Today"/CNN/ Gallup divulgada ontem coloca Bush oito pontos à frente de Kerry entre prováveis eleitores -52% a 44%. Como a margem de erro do levantamento é de quatro pontos percentuais, os dois candidatos estão em empate técnico, mas o presidente teve ganho real em relação à pesquisa anterior. Subiu dez pontos, enquanto Kerry caiu cinco pontos. O levantamento foi realizado quinta e sábado, após o último debate presidencial.
Outras duas pesquisas indicaram equilíbrio maior. O "Washington Post" mostrou Bush com 50% e Kerry com 47%. Pesquisa Reuters/ Zogby deu 46% para Bush e 44% para Kerry. Nos dois casos, por causa da margem de erro, os dois candidatos estão virtualmente empatados.
Nos últimos dias, alguns movimentos na campanha de Kerry começaram a revelar uma estratégia mais pesada, de "tudo ou nada" em termos retóricos, que vinha sendo mais marcante até agora no lado republicano.
No fim de semana, a campanha de Kerry alardeou que o presidente Bush pretende tomar medidas para tornar o alistamento militar nos EUA obrigatório por causa da falta de voluntários para a Guerra do Iraque. Há dez dias, durante o segundo debate presidencial, o próprio presidente negou publicamente essa possibilidade.
Ontem, em Ohio, Kerry voltou a usar a mesma tática ao afirmar que Bush prepara, caso reeleito, "uma grande surpresa para janeiro" que poderá retirar até US$ 500 mensais dos aposentados.
Com base em declaração do presidente publicada pela revista dominical do "New York Times", Kerry disse que Bush poderá reduzir em até 45% os benefícios de algumas aposentadorias com a "privatização" da Previdência.


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