|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para Ban, crise financeira mundial equivale a tsunami
Para secretário-geral da ONU, combate à pobreza e solução de conflitos serão mais difíceis
Sul-coreano volta a pedir que Brasil, Japão, África
do Sul e Índia se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança
TAHIANE STOCHERO
DO "AGORA", EM NOVA YORK
Ao concluir seu segundo ano
como secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon tem duas grandes
preocupações: as conseqüências da crise financeira sobre o
aumento da pobreza e dos conflitos no Terceiro Mundo e a
importância de a ONU estimular uma resposta concreta ao
problema. O sul-coreano acredita que a solução esteja na "necessidade urgente de reformar
os sistemas monetário e financeiro internacionais".
"Estamos enfrentando quase
que um tsunami em termos de
impacto global. Tínhamos três
crises separadas [alimentar,
energética e financeira], mas
agora temos múltiplas crises de
poderoso impacto. Tudo isso
deve ser levado em conta para
estabelecer um novo sistema
para a economia mundial. Estou em contato com todos os líderes para descobrir como podemos fazer isso rápido", afirmou ele anteontem em conversa com oito jornalistas que participam de um curso de dois
meses na ONU, na qual a Folha
era o único veículo sul-americano presente.
Para Ban, o impacto da crise
atinge todos os paises da organização, mas, sobretudo, "os
mais pobres". A ONU estima
que o crescimento mundial
passe de 3,8% em 2007 para 2%
neste ano e que ao menos 75
milhões de pessoas caiam em
situação de extrema pobreza.
"Minha maior preocupação
hoje é o aumento de conflitos
no mundo que não estão sendo
resolvidos por meio do diálogo,
ao mesmo tempo em que enfrentamos um aumento incomum no número de desastres
naturais, provocados pelas mudanças climáticas. Mas, no topo
de tudo, tem a crise financeira,
que está provocando condições
ruins para a resolução de todos
os outros problemas", afirmou.
Reforma
Durante a conversa, Ban criticou a atual composição do
Conselho de Segurança, dadas
"as mudanças políticas nos povos nos últimos 50 anos". Questionado pela Folha se acreditava que o Brasil pudesse vir a integrar permanentemente o CS
no futuro, salientou que "a decisão depende dos Estados-membros", mas que "a reforma
e a inclusão de novos membros
são uma necessidade".
Segundo ele, o presidente da
Assembléia Geral da ONU está
comprometido para que as negociações para a escolha dos
novos componentes sejam realizadas até fevereiro de 2009,
mas "há uma visão unânime de
que a reforma deve ser feita".
Hoje o órgão é formado por
cinco membros permanentes
(China, Rússia, Franca, Reino
Unido e EUA), com poder de
veto, e dez rotativos. A proposta mais plausível "é o ingresso
permanente de Brasil, Japão,
Índia e África do Sul", disse,
mas esta encontra resistência.
Lembrando que a missão de
paz no Haiti é liderada militarmente pelo Brasil, Ban elogiou
a melhora da segurança no
país, mas pediu empenho da
comunidade internacional no
apoio às vítimas dos furacões,
que deixaram mais de 700
mortos no ultimo mês.
Segundo ele, o presidente do
Banco Mundial, Robert Zoellick, viajará ao país caribenho
em duas semanas para impulsionar a ajuda humanitária e
projetos de desenvolvimento.
Texto Anterior: Pós-olimpíada: China manterá regra de mídia mais flexível Próximo Texto: Tensão leva cristãos indianos a conversão Índice
|