São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Para Ban, crise financeira mundial equivale a tsunami

Para secretário-geral da ONU, combate à pobreza e solução de conflitos serão mais difíceis

Sul-coreano volta a pedir que Brasil, Japão, África do Sul e Índia se tornem membros permanentes do Conselho de Segurança

TAHIANE STOCHERO
DO "AGORA", EM NOVA YORK

Ao concluir seu segundo ano como secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon tem duas grandes preocupações: as conseqüências da crise financeira sobre o aumento da pobreza e dos conflitos no Terceiro Mundo e a importância de a ONU estimular uma resposta concreta ao problema. O sul-coreano acredita que a solução esteja na "necessidade urgente de reformar os sistemas monetário e financeiro internacionais".
"Estamos enfrentando quase que um tsunami em termos de impacto global. Tínhamos três crises separadas [alimentar, energética e financeira], mas agora temos múltiplas crises de poderoso impacto. Tudo isso deve ser levado em conta para estabelecer um novo sistema para a economia mundial. Estou em contato com todos os líderes para descobrir como podemos fazer isso rápido", afirmou ele anteontem em conversa com oito jornalistas que participam de um curso de dois meses na ONU, na qual a Folha era o único veículo sul-americano presente.
Para Ban, o impacto da crise atinge todos os paises da organização, mas, sobretudo, "os mais pobres". A ONU estima que o crescimento mundial passe de 3,8% em 2007 para 2% neste ano e que ao menos 75 milhões de pessoas caiam em situação de extrema pobreza.
"Minha maior preocupação hoje é o aumento de conflitos no mundo que não estão sendo resolvidos por meio do diálogo, ao mesmo tempo em que enfrentamos um aumento incomum no número de desastres naturais, provocados pelas mudanças climáticas. Mas, no topo de tudo, tem a crise financeira, que está provocando condições ruins para a resolução de todos os outros problemas", afirmou.

Reforma
Durante a conversa, Ban criticou a atual composição do Conselho de Segurança, dadas "as mudanças políticas nos povos nos últimos 50 anos". Questionado pela Folha se acreditava que o Brasil pudesse vir a integrar permanentemente o CS no futuro, salientou que "a decisão depende dos Estados-membros", mas que "a reforma e a inclusão de novos membros são uma necessidade".
Segundo ele, o presidente da Assembléia Geral da ONU está comprometido para que as negociações para a escolha dos novos componentes sejam realizadas até fevereiro de 2009, mas "há uma visão unânime de que a reforma deve ser feita".
Hoje o órgão é formado por cinco membros permanentes (China, Rússia, Franca, Reino Unido e EUA), com poder de veto, e dez rotativos. A proposta mais plausível "é o ingresso permanente de Brasil, Japão, Índia e África do Sul", disse, mas esta encontra resistência.
Lembrando que a missão de paz no Haiti é liderada militarmente pelo Brasil, Ban elogiou a melhora da segurança no país, mas pediu empenho da comunidade internacional no apoio às vítimas dos furacões, que deixaram mais de 700 mortos no ultimo mês.
Segundo ele, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, viajará ao país caribenho em duas semanas para impulsionar a ajuda humanitária e projetos de desenvolvimento.


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