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Tensão leva cristãos indianos a conversão
Aumento de perseguições provoca adesões ao hinduísmo; premiê alerta para risco à integridade nacional
DA REDAÇÃO
O recrudescimento das tensões entre hindus e cristãos no
leste da Índia está levando centenas a se converter ao hinduísmo, religião largamente majoritária no país. O agravamento
da situação levou o premiê
Manmohan Singh a alertar, na
última segunda, que a violência
religiosa é um risco à integridade nacional e ameaça os "valores fundamentais" do país.
Segundo a agência oficial
IANS, o caso mais grave é no
Estado de Orissa, onde pelo
menos 36 pessoas morreram e
2.400 casas e 120 igrejas foram
parcial ou totalmente destruídos desde o final de agosto,
quando a morte de um líder
hindu desencadeou a onda de
violência contra os cristãos. Estima-se em mais de 600 os já
convertidos ao hinduísmo.
Há ainda registros de violência em outros Estados, e centenas de mortes por toda a Índia
nos últimos meses são atribuídas a motivações religiosas. No
mosaico religioso, étnico, lingüístico e de castas indiano,
80% dos cerca de 1,1 bilhão de
habitantes são hindus; 14%,
muçulmanos; e 2,4%, cristãos.
Considerada a maior democracia do mundo, a Índia, desde
a sua independência, em 1947,
preserva o laicismo como condição para a integridade nacional, e a perseguição à minoria
cristã levou, inclusive, o papa
Bento 16 e o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, a condenar a
violência religiosa no país. Mas
há também crescentes tensões
entre hindus e muçulmanos.
A histórica rivalidade entre
as duas principais religiões do
país -que também opõe a Índia ao Paquistão na região da
Caxemira- acentuou-se a partir dos últimos ataques a bomba em grandes cidades indianas, como os de Ahmedabad,
em julho, e da capital Nova Déli, em setembro, reivindicados
por extremistas islâmicos.
Singh atribuiu o aumento da
violência a motivações políticas relacionadas às eleições legislativas de 2009. "Precisamos
considerar até onde interesses
políticos estão levando alguns
de nós a encorajar forças desintegradoras", disse o premiê em
encontro com chefes de governo dos 26 Estados indianos no
Conselho de Integração Nacional, o primeiro desde 2005.
"A violência parece estar permeando a sociedade atualmente por todo o nosso país, seja a
violência terrorista, seja a violência comunitária ou de motivação ideológica, como a adotada por radicais esquerdistas",
disse Singh, em referência às
guerrilhas maoístas. "Um ambiente de ódio e violência está
sendo artificialmente criado."
A cena política indiana para
as eleições legislativas de 2009
obriga o governista Partido do
Congresso, de Singh, a se equilibrar entre a demanda das minorias religiosas pela preservação do laicismo e a da maioria
hindu pela repressão ao extremismo islâmico. Muçulmanos
queixam-se de perseguição.
O partido nacionalista hindu
Bharatiya Janata, que governou o país entre 1998 e 2004,
fatura politicamente com a radicalização e rouba terreno do
governismo na medida em que
Singh e o Partido do Congresso
-liderado pela católica Sonia
Gandhi- acenam às minorias
étnicas e religiosas. As eleições
ainda não têm data marcada,
mas devem ocorrer até maio.
Nova Déli obteve recentemente a sua maior vitória política com a aprovação pelo Congresso americano do polêmico
acordo de cooperação nuclear
civil, mas enfrenta incertezas
econômicas para 2009.
Com o "Financial Times"
e agências internacionais
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