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GUERRA SEM LIMITES
Washington teme ataques em retaliação a guerra contra Bagdá
EUA monitoram iraquianos no país
DAVID JOHNSTON
DON VAN NATTA JR.
DO "THE NEW YORK TIMES"
O governo Bush começou a monitorar iraquianos que vivem nos
EUA em um esforço para identificar ameaças terroristas domésticas representadas por simpatizantes do regime de Bagdá, disseram autoridades do governo.
O programa de inteligência envolve o rastreamento de milhares
de cidadãos iraquianos e iraquiano-americanos com dupla cidadania que estudam nos EUA ou
trabalham em empresas privadas,
que podem representar riscos numa guerra contra o Iraque.
Alguns alvos da operação estão
sendo monitorados eletronicamente, com mandados de segurança nacional. Outros estão sendo selecionados para serem recrutados como informantes. Em
caso de uma invasão do Iraque, a
missão seria intensificada com a
detenção de iraquianos e simpatizantes suspeitos de planejar ações
terroristas domésticas.
Os funcionários do governo que
confirmaram as linhas gerais do
programa o fizeram em uma aparente tentativa de responder a críticas de que as agências de inteligência norte-americanas estão falhando na guerra contra o terror.
Gordon Johndroe, porta-voz do
Escritório de Segurança Interna
da Casa Branca, não quis comentar o programa de vigilância.
Autoridades federais pretendem iniciar entrevistas -voluntárias- com árabes-americanos
na próxima semana, pedindo-lhes para relatar qualquer atividade suspeita relacionada ao Iraque.
O esforço das agências de inteligência, especialmente o FBI, para
fortalecer seus programas antiterror ocorrem em um momento de
sérias discussões sobre a criação
de um órgão como o MI-5, agência britânica que coleta informações sobre ameaças internas.
Funcionários de contraterrorismo do governo Bush se encontraram em uma reunião, dirigida por
Condoleezza Rice, a assessora para assuntos de segurança nacional
de George W. Bush, para discutir
a retirada das responsabilidades
sobre a segurança interna do FBI.
Ninguém até agora propôs formalmente a criação de uma agência de inteligência doméstica.
Outra parte da nova operação
de inteligência irá avaliar se o governo do ditador Saddam Hussein se envolveu em alguma ação
que poderia ameaçar interesses
americanos no país ou no exterior. Também será traçada a movimentação de dinheiro do governo iraquiano e de organizações
simpáticas a Saddam.
Exemplo da Guerra do Golfo
A operação recorre à experiência de um programa de menor escala realizado durante a Guerra
do Golfo, quando o FBI e o Serviço de Imigração e Naturalização
dos EUA conduziram entrevistas
e investigaram iraquianos e árabes-americanos.
Um grande número de agências
participam da nova operação, incluindo o Pentágono, o FBI, a
CIA, o Serviço de Imigração, o
Departamento de Estado e a
Agência de Segurança Nacional.
A operação também intensificaria
o monitoramento do serviço de
inteligência estrangeiro do Iraque, que acreditam operar sob cobertura diplomática da missão
iraquiana na ONU. "Este é o
maior e mais agressivo programa
desse tipo que já tivemos", disse
um alto funcionário do governo.
O senador democrata Bob Graham, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, disse na semana passada que as agências de
inteligência falharam na avaliação
da amplitude total das ameaças
que podem se originar de uma
guerra com o Iraque.
Analistas disseram que durante
anos as autoridades rastrearam o
movimento de grupos militantes
islâmicos nos EUA envolvidos em
arrecadação ou atividades criminais. Mas membros da Al Qaeda
viviam calmamente e, com algumas exceções, não violaram a lei.
O senador disse que o FBI não
conseguiu providenciar informações sobre grupos militantes islâmicos com presença nos EUA.
Autoridades dizem que o serviço de inteligência iraquiano
aprendeu com as falhas em atividades terroristas durante a Guerra do Golfo. Após a guerra, Bagdá
executou mal uma tentativa de assassinar o ex-presidente George
Bush durante visita ao Kuwait em
1993, o que resultou em um ataque contra o quartel-general da
inteligência iraquiana em Bagdá.
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