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Pequim refuta pedidos da Casa Branca e faz blitz contra ativistas
DE PEQUIM
A entrevista coletiva com os
presidentes Hu Jintao e Barack
Obama não teve perguntas dos
jornalistas. O cerimonial chinês manteve uma tradição, pois
Hu jamais participa de entrevistas coletivas.
A rígida coreografia da primeira visita oficial de Obama à
China demonstrou o novo status da China de maior credora
da superpotência americana.
Demandas americanas, não só
no conteúdo, mas também na
forma, não foram ouvidas.
Em visitas de antecessores,
como Bill Clinton e George W.
Bush, era comum que Pequim
libertasse duas dezenas de dissidentes presos como sinal de
"boa vontade" em relação à
pressão americana por respeito
aos direitos humanos.
Agora não só não houve libertação, mas ao menos três
dezenas de ativistas estão em
prisão domiciliar para evitar
qualquer tentativa de protesto
durante a visita de Obama.
Não houve chance para a espontaneidade, nem para uma
ofensiva de charme. A Casa
Branca quis promover um encontro de Obama com mil universitários em Xangai, onde ele
responderia questões, e pediu
que o debate fosse televisionado para toda a China.
O governo chinês censurou a
iniciativa. A participação foi reduzida e restrita a membros da
Liga da Juventude Comunista,
e o evento só foi transmitido
por uma TV local em Xangai.
Os telejornais estatais chineses não fizeram qualquer menção ao debate e uma declaração
de Obama defendendo o fim da
censura na internet chinesa foi
censurada em portais e blogs.
Apenas 7.000 chineses assistiram ao debate no site da Casa
Branca. A China tem 1,4 bilhão
de habitantes, dos quais 350
milhões têm acesso à internet.
Quando participou da Conferência Internacional de Mulheres da ONU em Pequim em
1995, a então primeira-dama
Hillary Clinton disse que "direitos das mulheres são direitos humanos" e "ninguém deve
ser forçado ao silêncio por temor à prisão, tortura, perseguição" e criticou a ausência de
ativistas "proibidas de estar
nesta conferência".
Na agenda de Obama, não
existe previsão de encontros
com ativistas ou dissidentes.
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