São Paulo, quarta-feira, 18 de novembro de 2009

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Pequim refuta pedidos da Casa Branca e faz blitz contra ativistas

DE PEQUIM

A entrevista coletiva com os presidentes Hu Jintao e Barack Obama não teve perguntas dos jornalistas. O cerimonial chinês manteve uma tradição, pois Hu jamais participa de entrevistas coletivas.
A rígida coreografia da primeira visita oficial de Obama à China demonstrou o novo status da China de maior credora da superpotência americana. Demandas americanas, não só no conteúdo, mas também na forma, não foram ouvidas.
Em visitas de antecessores, como Bill Clinton e George W. Bush, era comum que Pequim libertasse duas dezenas de dissidentes presos como sinal de "boa vontade" em relação à pressão americana por respeito aos direitos humanos.
Agora não só não houve libertação, mas ao menos três dezenas de ativistas estão em prisão domiciliar para evitar qualquer tentativa de protesto durante a visita de Obama.
Não houve chance para a espontaneidade, nem para uma ofensiva de charme. A Casa Branca quis promover um encontro de Obama com mil universitários em Xangai, onde ele responderia questões, e pediu que o debate fosse televisionado para toda a China.
O governo chinês censurou a iniciativa. A participação foi reduzida e restrita a membros da Liga da Juventude Comunista, e o evento só foi transmitido por uma TV local em Xangai.
Os telejornais estatais chineses não fizeram qualquer menção ao debate e uma declaração de Obama defendendo o fim da censura na internet chinesa foi censurada em portais e blogs.
Apenas 7.000 chineses assistiram ao debate no site da Casa Branca. A China tem 1,4 bilhão de habitantes, dos quais 350 milhões têm acesso à internet.
Quando participou da Conferência Internacional de Mulheres da ONU em Pequim em 1995, a então primeira-dama Hillary Clinton disse que "direitos das mulheres são direitos humanos" e "ninguém deve ser forçado ao silêncio por temor à prisão, tortura, perseguição" e criticou a ausência de ativistas "proibidas de estar nesta conferência".
Na agenda de Obama, não existe previsão de encontros com ativistas ou dissidentes.


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