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Chefe de polícia de Buenos Aires é demitido
Juiz responsável pela investigação não descarta hipótese de Cristina e Néstor Kirchner terem sido alvo de espionagem
Armazenamento de dados financeiros de políticos em computador pessoal derruba
2º indicado para chefia de força que ainda não opera
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O chefe da recém-criada Polícia Metropolitana de Buenos
Aires, Osvaldo Chamorro, foi
demitido ontem, em consequência de um escândalo que
envolve a suspeita de espionagem à presidente da Argentina,
Cristina Kirchner, e ao seu marido, o ex-presidente e deputado eleito Néstor Kirchner.
O juiz federal Norberto
Oyarbide comprovou que Chamorro armazenava em seu
computador pessoal dados financeiros de diversos legisladores com afinidade aos temas
de segurança pública bem como de membros do governo
portenho, incluindo o chefe de
gabinete do prefeito Mauricio
Macri, Horacio Larreta.
Chamorro estava envolvido
também nos pedidos à Justiça
de escuta telefônica de diversos
políticos e empresários argentinos. Os pedidos partiam de
acusações falsas de participação dos "grampeados" em crimes e eram deferidos por dois
juízes do interior do país.
O juiz afirmou que a hipótese
de o casal presidencial ter sido
alvo do pente fino de Chamorro
ainda não foi comprovada.
Ao anunciar a demissão do
policial, o secretário de Segurança e Justiça de Buenos Aires, Guillermo Montenegro,
disse que seus atos não configuram espionagem. "Não é ilegal
[o arquivamento de dados],
porque é informação pública,
mas nos parece que não é ético", afirmou. Macri estava ontem em viagem à Espanha, de
onde determinou a demissão.
Chamorro é o segundo chefe
designado pelo prefeito para a
Polícia Metropolitana a ser
afastado sob suspeita de atos
ilegais, antes mesmo de a força
policial entrar em operação.
O policial estava sendo investigado como elo no processo
que envolve seu antecessor,
Jorge Palacios, demitido do
cargo acusado de envolvimento
em grampo ilegal contra um
ativista do caso Amia -atentado terrorista à sede da associação judaica, com 85 vítimas, em
1994, em Buenos Aires.
Palacios, ex-policial federal, é
suspeito de ocultar provas do
caso. Ontem, sua prisão foi pedida a Oyarbide, com base na
acusação de escuta ilegal.
A Polícia Metropolitana do
conservador Macri, adversário
político dos Kirchner, deveria
entrar em funcionamento em
outubro passado, com 800
agentes, o que não ocorreu.
Num contexto de incremento de protestos de trabalhadores em Buenos Aires, a nova
força policial foi interpretada
como "tropa de choque" de Macri para reprimir os piquetes
que frequentemente interrompem o trânsito na cidade.
Após a demissão de Palacios,
Chamorro ficou interinamente
em seu lugar. O plano de Macri
era empossar Eugenio Burzaco
na chefia da polícia, assim que
ele conclua seu mandato como
deputado, no próximo dia 10.
Nessa data, Chamorro passaria
a ser seu vice.
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