São Paulo, Sábado, 18 de Dezembro de 1999


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REPRESSÃO
Adeptos são retirados do território português às vésperas da cerimônia de devolução para a China
Macau expulsa seguidores de seita

Reuters
Chinês vende as bandeiras de Macau (esq.) e da China, em Pequim, perto da praça Tiananmen


das agências internacionais

Ao menos seis seguidores da Fa Lun Gong foram expulsos ontem de Macau -a seita, tornada ilegal na China, afirma ter 100 milhões de adeptos. As expulsões antecedem a devolução a Pequim do território sob a administração de Portugal, na segunda-feira.
Os membros da seita pretendiam promover uma manifestação durante a cerimônia de entrega, que terá a presença de autoridades chinesas. Manifestações da Fa Lun Gong, seita que mistura budismo, exercícios físicos e um posicionamento moral conservador, são reprimidas na China.
O presidente português, Jorge Sampaio, chegou ontem ao território para as comemorações da devolução e não comentou as expulsões. Organizações não-governamentais temem que Pequim imponha restrições a direitos humanos e a liberdades em Macau.
"Não fizemos nada, não disseram que lei violamos. Por que deveríamos sair?", disse o australiano Dai Meiling. Nenhum dos expulsos era cidadão de Macau.
Assim como Hong Kong, devolvida pelos britânicos em 97, a Macau integrada à China gozará de autonomia e conservará o direito de eleger uma assembléia regional e ser capitalista. O governo comunista chinês chama essa fórmula de "um país, dois sistemas".
Há presença de Portugal em Macau desde 1557. O território foi cedido aos portugueses por causa da ajuda na luta contra a pirataria na região no século 16. No século 19, Macau perdeu o posto de principal entreposto comercial do Ocidente na Ásia com a fundação de Hong Kong pelos britânicos.

Taiwan
"Não podemos sentir outra coisa além de pesar por Macau estar voltando para uma terra natal que não é nem próspera, nem democrática, nem livre", disse o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Chen Chien-jen.
A ilha de Taiwan, considerada Província rebelde por Pequim desde o fim da guerra civil chinesa, em 1949, se recusa, até o momento, a se reunificar com o continente utilizando a mesma fórmula de Hong Kong e Macau.
A facção perdedora da guerra civil, os nacionalistas, instituíram um governo na ilha que nunca foi reconhecido por Pequim.
"O povo de Taiwan continua suspeitando muito dos comunistas chineses", afirmou recentemente Lee Teng-hui, o primeiro presidente democraticamente eleito no país.
Segundo as autoridades de Taiwan, e em referência direta à Fa Lun Gong, "nenhum povo livre se juntaria de livre e espontânea vontade a um Estado que prende seus cidadãos por formar partidos de oposição ou promover fés religiosas sem a aprovação oficial".


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