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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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Europeus são contra execução de ex-ditador

DA REDAÇÃO

A afirmação do presidente norte-americano, George W. Bush, de que o ex-ditador do Iraque Saddam Hussein deveria receber a "pena máxima" foi recebida com desconforto por líderes europeus. No Oriente Médio, reforçou a impressão de que o julgamento terá cartas marcadas.
Políticos de Reino Unido, Espanha e Itália, países que deram forte apoio à invasão americana, evitaram endossar a opinião de Bush. "Eu não acredito na pena de morte, mas respeito as opiniões dos outros. Acho que seria apropriado para o povo iraquiano tomar a decisão", declarou o ministro do Interior britânico, David Blunkett. A ministra das Relações Exteriores da Espanha, Ana Palacio, afirmou ser contra a pena de morte. "O julgamento deveria ser um símbolo da ética e da moralidade humana face às piores e mais desumanas qualidades."
O ministro da Defesa italiano, Antonio Martino, também se colocou contra a execução do ex-ditador: "Eu não gostaria de dar às forças políticas uma licença para matar". A chanceler sueca, Laila Freivalds, manifestou a mesma opinião: "Nós, políticos, não deveríamos dizer nada a respeito do que a Justiça deve fazer".
Pierre Moscovici, representante da França na Convenção sobre o Futuro da Europa, foi mais duro. "É típico que [ele] esteja buscando vingança e punição. O que me preocupa é que isso é uma forma de pressão."

Oriente Médio
O presidente do Irã, Mohamad Khatami, disse não desejar a morte para ninguém, mas que se havia alguém que merecesse ser executado seria Saddam. Khatami afirmou não crer que o ex-ditador terá um julgamento "livre e justo".
O Conselho de Governo Iraquiano anunciou ontem que Saddam será julgado por uma corte do país. A Organização das Nações Unidas, o Vaticano e muitos países -especialmente europeus- se opõem a um julgamento realizado em uma corte que inclui a pena de morte no rol de punições. O Iraque tem pena de morte, mas sua aplicação foi suspensa temporariamente pela Autoridade Provisória da Coalizão, que é chefiada pelo americano Paul Bremer.
Clérigos libaneses anunciaram que pretendem processar Saddam Hussein por terem sido presos e torturados devido a seus estudos sobre o islã xiita. Durante o regime de Saddam, muitos religiosos libaneses foram para o Iraque estudar na cidade sagrada de Najaf (sul).


Com agências internacionais


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