São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Rússia envia ao Irã primeiro lote de urânio

Bush aprova operação e diz que país não precisa produzir o combustível; Moscou recolherá urânio usado

DA REDAÇÃO

A Rússia anunciou ontem ter feito no domingo a entrega do primeiro lote de urânio enriquecido para que o Irã possa acionar dentro de seis meses a usina nuclear de Bushehr.
Pelo contrato entre os dois países, a empresa russa Atomsproiexport fornece o combustível e depois o retira para armazená-lo como lixo atômico, o que impede o regime islâmico de praticar desvios militares.
O presidente americano, George W. Bush, disse apoiar a iniciativa de Moscou e afirmou que, ao receber o combustível da Rússia, o Irã demonstra não precisar de tecnologia para enriquecer seu próprio urânio.
A porta-voz da Atomsproiexport, Irina Esipova, disse que, além da primeira entrega, serão enviadas nos próximos dois meses mais 80 toneladas.
Ainda em Moscou, a Chancelaria divulgou comunicado em que reitera que o urânio enriquecido estará sob o monitoramento da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e que Teerã deu garantias por escrito de que a matéria-prima será apenas para Bushehr.
O comunicado também diz que, "após utilizado naquela usina termonuclear, o urânio será devolvido à Rússia para ser processado e armazenado".

Sanções da ONU
Nos últimos anos há um imenso contencioso em torno do programa nuclear iraniano, que, segundo 16 agências de inteligência dos Estados Unidos, até 2003 possuía um projeto paralelo para a construção da bomba atômica.
Duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU fixaram sanções contra o Irã em razão da pouca transparência de seu programa, por mais que o país reafirme que procura atingir o ciclo completo do átomo para a produção de eletricidade.
O governo iraniano, por meio do vice-presidente Gholam Reza Aghazadh, confirmou a chegada do primeiro carregamento de urânio russo. Disse, no entanto, que fora apenas ontem.
Bushehr deveria estar funcionando desde maio deste ano. Mas a Rússia retardou o envio do combustível, sob o argumento de que Teerã não estava cumprindo a cláusula que previa o pagamento mensal de US$ 25 milhões pelo reator.
Observadores acreditam, no entanto, que o motivo do atraso era outro: os russos procuravam pressionar o cliente a ser mais receptivo às exigências da AIEA, que é a agência da ONU contra a proliferação nuclear.


Com agências internacionais


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