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Rússia envia ao Irã primeiro lote de urânio
Bush aprova operação e diz que país não precisa produzir o combustível; Moscou recolherá urânio usado
DA REDAÇÃO
A Rússia anunciou ontem ter
feito no domingo a entrega do
primeiro lote de urânio enriquecido para que o Irã possa
acionar dentro de seis meses a
usina nuclear de Bushehr.
Pelo contrato entre os dois
países, a empresa russa Atomsproiexport fornece o combustível e depois o retira para armazená-lo como lixo atômico, o
que impede o regime islâmico
de praticar desvios militares.
O presidente americano,
George W. Bush, disse apoiar a
iniciativa de Moscou e afirmou
que, ao receber o combustível
da Rússia, o Irã demonstra não
precisar de tecnologia para
enriquecer seu próprio urânio.
A porta-voz da Atomsproiexport, Irina Esipova, disse que,
além da primeira entrega, serão
enviadas nos próximos dois
meses mais 80 toneladas.
Ainda em Moscou, a Chancelaria divulgou comunicado em
que reitera que o urânio enriquecido estará sob o monitoramento da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e
que Teerã deu garantias por escrito de que a matéria-prima
será apenas para Bushehr.
O comunicado também diz
que, "após utilizado naquela
usina termonuclear, o urânio
será devolvido à Rússia para ser
processado e armazenado".
Sanções da ONU
Nos últimos anos há um
imenso contencioso em torno
do programa nuclear iraniano,
que, segundo 16 agências de inteligência dos Estados Unidos,
até 2003 possuía um projeto
paralelo para a construção da
bomba atômica.
Duas resoluções do Conselho
de Segurança da ONU fixaram
sanções contra o Irã em razão
da pouca transparência de seu
programa, por mais que o país
reafirme que procura atingir o
ciclo completo do átomo para a
produção de eletricidade.
O governo iraniano, por meio
do vice-presidente Gholam Reza Aghazadh, confirmou a chegada do primeiro carregamento de urânio russo. Disse, no entanto, que fora apenas ontem.
Bushehr deveria estar funcionando desde maio deste
ano. Mas a Rússia retardou o
envio do combustível, sob o argumento de que Teerã não estava cumprindo a cláusula que
previa o pagamento mensal de
US$ 25 milhões pelo reator.
Observadores acreditam, no
entanto, que o motivo do atraso
era outro: os russos procuravam pressionar o cliente a ser
mais receptivo às exigências da
AIEA, que é a agência da ONU
contra a proliferação nuclear.
Com agências internacionais
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