São Paulo, terça-feira, 18 de dezembro de 2007

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Abbas terá US$ 1,8 bi a mais do que pediu

ANP sai fortalecida ao receber promessa de US$ 7,4 bi, em lugar dos US$ 5,6 bi que queria em Paris de países doadores

Rice diz que conferência foi a chance de evitar a falência econômica dos palestinos; Israel é criticado por novas casas nas terras ocupadas

DA REDAÇÃO

A conferência que reuniu ontem em Paris representantes de 68 países para dar viabilidade econômica aos palestinos terminou com o compromisso de doações de US$ 7,4 bilhões, bem mais que os US$ 5,6 bilhões fixados como o mínimo necessário pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
A doação do dinheiro será escalonada em três anos.
Israel foi bastante criticado durante o encontro, previsto pela conferência que reuniu em novembro, na cidade americana de Annapolis, os responsáveis pelo processo que levaria a um Estado palestino.
Isso porque, além da questão econômica, um Estado só surgiria se o governo israelense suspendesse os pontos de bloqueio que dificultam a circulação de bens e pessoas na Cisjordânia. O Banco Mundial considera que esses pontos dificultam o desenvolvimento do território. Os palestinos também levantaram a questão do não-desmantelamento dos assentamentos da Cisjordânia.

Quarteto "preocupado"
O chamado Quarteto (Estados Unidos, União Européia, Rússia e Nações Unidas) divulgou em Paris comunicado em que manifestou sua "preocupação" pela extensão da colonização israelense em Jerusalém Oriental. Israel acaba de autorizar a construção de 300 novos domicílios em terras árabes.
O próprio Abbas afirmou que "não se pode desencadear sérias negociações" caso prossiga a expansão desses assentamentos. Em termos de ajuda puramente econômica, o presidente da ANP afirmou que, "sem o prosseguimento dessa ajuda e sem a liquidez necessária ao orçamento palestino, caminhamos para a catástrofe na faixa de Gaza e na Cisjordânia".
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que "essa conferência é literalmente a última esperança de o governo [palestino] evitar a bancarrota". O presidente francês, Nicolas Sarkozy, fez um apelo para que os participantes fossem "generosos".
O governo francês entrará com US$ 300 milhões, além de participar dos US$ 640 milhões prometidos pela União Européia. Os Estados Unidos prometem US$ 555 milhões, aí incluídos os US$ 400 milhões já anunciados e que dependem de aprovação do Congresso.
Os europeus ainda apelaram para que os países árabes cumpram a promessa, feita em 2002, de enviar aos palestinos US$ 55 milhões por mês. A Arábia Saudita se comprometeu ontem a doar US$ 500 milhões em três anos.
Os participantes do encontro procuraram, com essas promessas, fortalecer politicamente o presidente Abbas, cuja autoridade é contestada pelo partido islâmico Hamas, que em junho assumiu o controle da faixa de Gaza. O porta-voz do Hamas, Fawzi Barhoum, qualificou a conferência de Paris de "conspiração perigosa".
Mas em termos externos Abbas se enfraquece por falta de concessões mais sólidas de Israel. O premiê israelense, Ehud Olmert, reiterou ontem que assumiria apenas compromissos que não colocassem em risco a segurança de seu país.
A ministra do Exterior, Tzipi Livni, procurou se defender em Paris num tom conciliatório. Disse que seu governo permanece apegado às diretrizes sugeridas em 2003 pelos Estados Unidos -e que justamente prevêem o congelamento ou a retirada dessas colônias.
Livni também disse que Israel está diminuindo o bloqueio econômico de Gaza e afirmou que os pontos de controle obedecem a critérios de segurança necessários.


Com agências internacionais


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