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Sucesso de escolas cria boom católico
Pais batizam seus filhos para conseguir vagas nos disputados colégios católicos do Reino Unido
Crianças de 1 a 13 anos são
30,3% dos batizados no
país; disputa por matrículas
alimenta a expansão
dos batismos "tardios"
RICHARD GARNER
DO "INDEPENDENT"
Pais desesperados para garantir aos seus filhos vagas nas
muito procuradas escolas católicas do Reino Unido são responsáveis por uma alta no número de batismos católicos
"tardios".
Dados de pesquisa recente
demonstram que batismos de
crianças com idade entre 1 e 13
anos respondem agora por
30,3% das adesões ao catolicismo, ante apenas 5,4% há 50
anos. Isso representa uma ascensão de 6.925 para 20.141
crianças batizadas.
No mesmo período, a porcentagem de batismos católicos "no berço" caiu de 85% dos
novos fiéis para 64%. Os números demonstram que houve
108.996 batismos no berço em
1958 ante 42.425 em 2005, o último número para o qual existem dados disponíveis.
Tom Spencer, do Centro de
Pesquisa Pastoral, a organização responsável pelo levantamento, disse que a ascensão no
número de batismos "tardios"
estava sendo alimentada pelo
desejo de ex-católicos ou de
adeptos não muito fervorosos
da religião de garantir para seus
filhos vagas nas procuradas escolas católicas britânicas. Ele
afirma que hoje as escolas católicas contam com recursos financeiros superiores aos dos
anos 50, quando estavam "empobrecidas". Como resultado,
elas se tornaram capazes de
oferecer educação de padrão
mais elevado e seu desempenho nos exames melhorou.
"Quando chegamos aos anos
70, as escolas católicas tinham
superado aquele período de pobreza e estavam se tornando
boas, muito boas ou excelentes", disse Spencer. "Em função
disso, a demanda por vagas nessas instituições cresceu não
apenas entre os católicos mas
também no restante da comunidade. O interesse representa
um grande reconhecimento da
comunidade britânica mais
ampla à qualidade do ensino no
sistema escolar católico."
Os números foram divulgados apenas três dias depois que
Ed Balls, secretário da Infância,
Educação e Família, anunciou
que o governo havia deixado de
lado seus programas de apoio à
expansão das escolas religiosas.
O anúncio marca a primeira
grande alteração da política
educacional promovida na administração de Tony Blair. O
ex-premiê desejava promover
um sistema sob o qual as escolas religiosas formariam parceria com as academias públicas
criadas por ele, sob a alegação
de que os resultados superiores
que aquelas obtinham nos exames significavam que era preciso promover a difusão de suas
práticas de ensino eficientes
junto às escolas urbanas.
Seleção
No entanto a informação é
contestada pelo professor Alan
Smithers, diretor do Centro de
Educação e Emprego da Universidade de Buckingham, que
afirma que as escolas religiosas
se saíam melhor nos exames
porque lhes era facultado selecionar mais os seus alunos e
não em função da religião em si.
Oona Stannard, diretora do
Serviço Católico de Educação
da Inglaterra e País de Gales,
disse que a igreja apreciava o fato de que as pessoas continuassem procurando batismo para
seus filhos, ainda que mais tarde do que o normal.
Ela reconhece que "é possível
que haja pessoas que, à medida
que seus bebês crescem, comecem a considerar de maneira
mais cuidadosa a questão da
educação e decidam que querem batizar seus filhos para que
tenham a melhor oportunidade
possível de freqüentar uma escola católica. Que a criança se
torne parte da igreja e que o relacionamento entre sua família
e a igreja se reforce só podem
ser vistos como fatos positivos,
não importa que a criança venha ou não a desfrutar dos benefícios de uma educação católica no futuro".
Professores sem religião
Enquanto isso, as escolas religiosas britânicas estão enfrentando crise de recrutamento, devido à baixa disponibilidade de profissionais cristãos
de ensino para ocupar cargos
letivos ou de direção. A Universidade Hope, de Liverpool, a
única universidade ecumênica
da Europa, realizou um evento
sobre carreiras na semana passada, dirigido especificamente
a estudantes que estejam considerando seguir carreira letiva
em escolas religiosas.
Paul Gaunt, diretor interino
de desenvolvimento de carreiras naquela universidade, afirma que, "se não tratarmos agora do declínio no recrutamento
de professores praticantes de
religião, o futuro será sombrio
para as escolas religiosas do
Reino Unido."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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