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Comércio volta, com vendas de flores e caixões
DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE
O comércio de Porto Príncipe começa aos poucos a abrir as
portas. Muitas lojas seguem fechadas -reflexo da onda de saques-, mas vendedores de caixões e flores atendem quem
quer enterrar os mortos.
Sem bancos, padarias ou supermercados, a alimentação
depende do comércio de rua. A
aquisição nem sempre envolve
dinheiro -em alguns casos os
haitianos trocam uma coisa por
outra até conseguir comida.
Fleistile Bredi vendia pão
com um tipo de pasta de amendoim na praça Saint Pierre. "O
preço ficou o mesmo, mas as
vendas aumentaram porque há
muita gente morando na rua.
Eles só têm dinheiro para comprar isso." O pão custa cerca de
US$ 0,20. O problema é encontrar o produto. "Levanto cada
vez mais cedo e às vezes preciso
lutar para comprar", disse.
Um marceneiro explica que
fabrica móveis domésticos como mesas e cadeiras há dez
anos. Passou a fabricar caixões.
"É a única coisa que as pessoas
ainda compram."
Nem todos estão satisfeitos
com a procura. Diluseul Vassaini tem uma banca de flores há
sete anos em Pétionville. Ontem de manhã, as rosas brancas
tinham estragado. "Comprei as
flores antes do terremoto.
Achei que as pessoas comprariam, mas não há dinheiro nem
para honrar os mortos."
A loja com maior procura visitada pela Folha foi a Caribe
Tours, que vende passagens de
ônibus a US$ 40 para Santo
Domingo. Ontem, o ônibus era
protegido por seguranças armados para evitar invasões.
A voluntária Dielika Charlier
esperou duas horas para comprar suprimentos na capital
dominicana. Ela trabalha em
uma ONG que ajuda os feridos.
Na farmácia, a procura maior
é por antibióticos e analgésicos. O ex-senador Louis Gilles
explica que está atendendo
gratuitamente os pacientes,
mas que precisa cobrar pelos
remédios na farmácia que
mantém na porta ao lado.
A mulher dele, Gemma, cuida do negócio e disse que não
tem medo de abrir as portas.
Mas atende os pacientes por
trás de uma grade.
(JL)
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