São Paulo, terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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Comércio volta, com vendas de flores e caixões

DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE

O comércio de Porto Príncipe começa aos poucos a abrir as portas. Muitas lojas seguem fechadas -reflexo da onda de saques-, mas vendedores de caixões e flores atendem quem quer enterrar os mortos.
Sem bancos, padarias ou supermercados, a alimentação depende do comércio de rua. A aquisição nem sempre envolve dinheiro -em alguns casos os haitianos trocam uma coisa por outra até conseguir comida.
Fleistile Bredi vendia pão com um tipo de pasta de amendoim na praça Saint Pierre. "O preço ficou o mesmo, mas as vendas aumentaram porque há muita gente morando na rua. Eles só têm dinheiro para comprar isso." O pão custa cerca de US$ 0,20. O problema é encontrar o produto. "Levanto cada vez mais cedo e às vezes preciso lutar para comprar", disse.
Um marceneiro explica que fabrica móveis domésticos como mesas e cadeiras há dez anos. Passou a fabricar caixões. "É a única coisa que as pessoas ainda compram."
Nem todos estão satisfeitos com a procura. Diluseul Vassaini tem uma banca de flores há sete anos em Pétionville. Ontem de manhã, as rosas brancas tinham estragado. "Comprei as flores antes do terremoto. Achei que as pessoas comprariam, mas não há dinheiro nem para honrar os mortos."
A loja com maior procura visitada pela Folha foi a Caribe Tours, que vende passagens de ônibus a US$ 40 para Santo Domingo. Ontem, o ônibus era protegido por seguranças armados para evitar invasões.
A voluntária Dielika Charlier esperou duas horas para comprar suprimentos na capital dominicana. Ela trabalha em uma ONG que ajuda os feridos.
Na farmácia, a procura maior é por antibióticos e analgésicos. O ex-senador Louis Gilles explica que está atendendo gratuitamente os pacientes, mas que precisa cobrar pelos remédios na farmácia que mantém na porta ao lado.
A mulher dele, Gemma, cuida do negócio e disse que não tem medo de abrir as portas. Mas atende os pacientes por trás de uma grade. (JL)


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