São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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"Baby Doc" é indiciado por corrupção

Jean-Claude Duvalier é detido por policiais, mas solto após prestar depoimento a procurador em Porto Príncipe

Ex-ditador haitiano é acusado ainda de desvio de fundos; segundo advogado, ele ficará à disposição da Justiça

Hector Retamal/France Presse
Ex-ditador haitiano é acusado ainda de desvio de fundos; segundo advogado, ele ficará à disposição da Justiça

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Dois dias após voltar a Porto Príncipe, o ex-ditador do Haiti Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc", foi indiciado por supostos atos de corrupção e desvio de verba pública durante seu regime (1971-1986).
Escoltado por policiais, mas sem algemas, "Baby Doc" deixou seu hotel de luxo na manhã de ontem e foi levado a prestar depoimento no escritório do procurador Aristidas Auguste.
Duvalier foi liberado no começo da noite e ficará "à disposição da Justiça haitiana", segundo seu advogado.
O ex-ditador, a quem se atribuem também supostos crimes de lesa humanidade, voltou ao Haiti inesperadamente no domingo, após 25 anos de exílio na França.
Ele não tinha impedimentos legais para retornar a Porto Príncipe.
A Constituição do Haiti, de 1986, não prevê a figura do exílio -destino, porém, da maioria dos ex-presidentes desde então.
É o caso do influente Jean-Bertrand Aristide que, deposto em 2004, vive na África do Sul. Ontem, advogados informaram que ele deseja voltar ao país, mas não teve o passaporte renovado por autoridades haitianas.
O retorno de Duvalier, em meio à crise política do país, provocou uma onda de críticas de ex-perseguidos políticos e de ONGs.
Intelectuais e vítimas do regime prometem apresentar demandas contra o ex-ditador. Anteontem, a jornalista Michele Montas anunciou que abriria um processo.
"Temos provas suficientes", disse Montas, que é funcionária da Minustah, a missão da paz da ONU no Haiti.
A Anistia Internacional também cobrou que se investigue a responsabilidade de Duvalier "em uma infinidade de violações de direitos humanos" se o Haiti quer fazer "justiça de fato".

CRISE ELEITORAL
Grupos de simpatizantes de Duvalier fizeram barricadas de lixo próximo ao tribunal onde o ex-ditador se encontra, em Porto Príncipe.
Segundo a assessoria do braço militar da Minustah, não houve incidentes.
Na avaliação das forças de paz, a presença de "Baby Doc" é um tema sensível, mas a definição sobre as eleições presidenciais ainda é o tema de maior preocupação.
O Haiti espera que as autoridades eleitorais anunciem os resultados do controvertido primeiro turno, realizado em 28 de novembro.
O Conselho Eleitoral Provisório (CEP) deve dizer se aceita ou não documento de uma comissão da OEA que recomenda que o segundo turno seja decidido entre dois opositores. O candidato governista ficaria de fora.
Num movimento que sinalizaria um endosso tácito, o presidente René Préval encaminhou o informe ao CEP.


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