São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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Líder herdou poder absoluto do pai aos 19

GREG CHAMBERLAIN
DO "GUARDIAN"

O rosto inchado Jean-Claude Duvalier nunca foi o sujeito mais brilhante, nem na escala nem como "presidente vitalício", cargo que ocupou aos 19 anos após a morte do seu pai.
Quando me aproximei de sua Mercedes 25 anos atrás, quando estava prestes a embarcar para o exílio, ele parecia tão pálido e assustado como quando regressou ao mesmo aeroporto no último domingo, por razões ainda desconhecidas.
Sob o regime de Duvalier seu pai, François "Papa Doc" Duvalier, milhares de inimigos reais e imaginários morreram por doença, fome e tortura na prisão.
Hoje os haitianos se esqueceram de boa parte desses terrores do passado, e o antigo prédio de detenção é hoje parte de uma favela dominada por gangues.
Alguns jovens ouvem com curiosidade relatos dos tempos de "Baby Doc", período em que quem não se metia em política poderia viver razoavelmente bem.
Os mais velhos filtraram más lembranças para cultivar a saudade da estabilidade e das certezas que a ditadura trazia.
"Baby Doc" assumiu após ser apresentado como "o jovem líder que todos esperavam". Seu regime era tido como um "Duvalierismo renovado e ampliado". Mas preferia a vida de playboy que pilotava motos.
Nos seus 15 anos de governo, estradas foram pavimentadas pela primeira vez, e a economia primitiva deu um salto, graças a investimentos estrangeiros que geraram fábricas de roupas, eletrônicos e produtos e criaram empregos.
Um breve período de liberalização terminou em 1980, depois que ele se casou com uma mulher dominadora da alta sociedade e com gostos caros. Seis anos depois, o regime caiu.
A era seguinte, de golpes e miséria, fez parecer benigno o governo "Baby Doc", apesar da repressão.


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