São Paulo, quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Gasto militar do país asiático cresce mais que sua economia há 20 anos

RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO

Por duas décadas, os gastos militares chineses cresceram sempre mais do que a impressionante economia do país. Como a China tem rivalidades com vários de seus vizinhos, é natural que esse aumento provoque ansiedade na região. As Forças Armadas chinesas sempre foram numerosas; essas duas décadas de modernização acrescentaram qualidade aos números, a ponto de provocar atenção mesmo nos EUA.
A China é o segundo maior gastador com armas do planeta, depois dos EUA. Não há transparência sobre os valores reais gastos, nem há consenso entre os analistas sobre os números. Os militares americanos estimam que quando os chineses anunciam gastos de US$ 60 bilhões, os números reais estejam entre US$ 105 bilhões e US$ 150 bilhões.
Em 2010 a China anunciou que pela primeira vez desde o final dos anos 80 o aumento do gasto militar deixaria de ser de dois dígitos -"apenas" 7,5%. Mas já há sinais de que os gastos ultrapassaram o previsto; o anúncio seria apenas um gesto para não alarmar vizinhos ainda mais.
Basta ver o que eles estão comprando; não é mercadoria barata. A China divulgou imagens de um caça, o J-20, com tecnologia "furtiva" (de baixa visibilidade ao radar) que poderia ser um contraponto aos dois caças mais modernos do mundo, os americanos F-22 e F-35.
Continuam construindo submarinos nucleares, desenvolveram um míssil de cruzeiro antinavio poderoso capaz de ameaçar seriamente as forças-tarefas de porta-aviões dos EUA e sua Marinha cada vez mais tem capacidade de operações oceânicas, ou "de águas azuis".
Em 1989 a China tinha 15 navios de escolta de superfície do porte de destróieres e cruzadores; 20 anos depois, a frota era de 45 navios. No mesmo período a Marinha Real britânica caiu de 46 para 24 deste tipo de navios; a Rússia caiu de 100 para 35; os EUA caíram de 207 para 107; e o Japão manteve exatamente o mesmo número, 43.
Esse reforço qualitativo e quantitativo, especialmente na área naval, é de fato inquietante para os vizinhos. Se há uma área do planeta em que existe risco de guerra convencional, é o leste da Ásia, como a Coreia do Norte mostrou recentemente.


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