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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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TRAGÉDIA

Incêndio teria sido causado por homem que colocou fogo em caixa com substância inflamável; saldo de mortos pode crescer

Fogo em metrô mata 120 na Coréia do Sul

Associated Press
Bombeiros retiram vítima de incêndio em estação de metrô na Coréia do Sul


DA REDAÇÃO

Cerca de 120 pessoas morreram e dezenas estavam desaparecidas em consequência de um incêndio que destruiu dois trens de metrô na Coréia do Sul, supostamente provocado por um homem que colocou fogo numa caixa contendo material inflamável.
A tragédia aconteceu em Daegu, terceira maior cidade sul-coreana, com 2,5 milhões de habitantes, e uma das sedes da Copa do Mundo de 2002.
Um homem de cerca de 56 anos -que, segundo a polícia, teria um histórico de problemas mentais- estava sendo interrogado como suspeito. Kim Dae-han foi denunciado por sobreviventes quando recebia tratamento num hospital da cidade. Segundo o canal de TV YTN, ele seria motorista de caminhão e teria perdido o emprego por motivos de saúde.
O incêndio começou pouco antes das 10h (22h de anteontem em Brasília), no final da hora do rush. Segundo uma testemunha, um homem teria se aproximado de um dos vagões, estacionado na plataforma da estação, tirado de dentro de uma mochila uma caixa de papel semelhante a uma embalagem de leite e, em seguida, tentado acendê-la com um isqueiro.
Alguns passageiros tentaram impedi-lo, mas a caixa, que conteria alguma substância inflamável, acabou explodindo. O fogo se espalhou rapidamente no vagão lotado, atingiu os bancos, o chão e as roupas dos passageiros e alastrou-se para os outros vagões. "Praticamente não houve tempo para escapar", disse o bombeiro Lee Hyong-kyun.
Um segundo trem, que entrou na estação logo em seguida, também pegou fogo. Cada trem possuía seis vagões. Juntos, transportavam cerca de 400 pessoas.
De acordo com o chefe dos bombeiros de Daegu, Kim Shin-dong, havia mais de 70 corpos em estado praticamente irreconhecível dentro dos vagões queimados. "Não é possível reconhecer nada nem ninguém lá dentro. Está tudo preto e cinza", disse Sung Bo-hun, sobrevivente da tragédia.
Com os 49 mortos contabilizados em hospitais, o total chega a cerca de 120. Entretanto esse número poderia mudar devido ao grande número de desaparecidos.
Um centro de emergência instalado a cerca de 1 km da estação incendiada (no centro de Daegu) estimou haver 135 feridos e 159 desaparecidos. Não estava claro se os cerca de 70 corpos queimados dentro dos trens estavam incluídos entre os desaparecidos. Outras estimativas, no entanto, falavam em cem desaparecidos.
Além dos mortos por queimadura, muitas pessoas morreram asfixiadas ou pisoteadas. Enquanto uma fumaça densa e escura saía em rolos pelos escapes de ar, bombeiros, vestidos com roupas laranjas e equipados com máscaras e tanques de oxigênio, entravam um atrás do outro, de mãos dadas, na estação de metrô e voltavam depois, trazendo corpos e feridos. O incêndio só foi controlado por volta das 13h, cerca de três horas após o início.
O presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, enviou condolências às famílias das vítimas, mas as autoridades eram alvo de críticas. "Ninguém da administração da cidade veio até aqui explicar o que aconteceu 12 horas após o incêndio", disse um morador.
Em 1995, mais de cem pessoas morreram e outras cem ficaram feridas numa explosão de gás ocorrida no metrô de Daegu, então em construção.

Com agências internacionais


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