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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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Favorável à guerra, Leste Europeu se irrita com críticas de Chirac

DA REDAÇÃO

A declaração comum dos 15 países-membros da União Européia sobre o Iraque foi endossada ontem por 13 candidatos a aderir à UE, mas o que deveria ter sido motivo de festa foi transformado numa demonstração de descontentamento com o presidente francês, Jacques Chirac.
Anteontem, após assinar a declaração da UE (que diz que o Iraque corre o risco de ter de enfrentar uma guerra caso não coopere totalmente com a ONU), Chirac criticou os países do leste do continente que já haviam expressado seu apoio a uma eventual ofensiva militar contra o Iraque, dizendo que a atitude deles não tinha sido "muito responsável".
Chirac disse ainda que eles deveriam ter consultado a UE antes de tomar posição e salientou que a Romênia e a Bulgária tinham colocado em risco suas chances de aderir à UE, pois elas apoiavam o campo pró-Washington. "Eles perderam a chance de ficar calados", disse o presidente francês.
As palavras de Chirac provocaram reações acaloradas de líderes políticos dos países do Leste Europeu, que tinham sido convidados a participar de uma reunião em Bruxelas para endossar a posição da UE.
O chanceler tcheco, Cyril Svoboda, foi seco em sua resposta. "Nossa adesão à UE não significa que vamos ficar sentados e calados", declarou.
Já o presidente da Romênia, Ion Iliescu, ironizou a ameaça de Chirac a seu país, perguntando se a França e a Alemanha tinham pedido a permissão de alguém antes de publicar uma declaração conjunta -contrária à guerra- no mês passado. Essa declaração franco-alemã desencadeou uma onda de apoio aos EUA por parte de outros países europeus.
Vários líderes preferiram ironizar Chirac. "Na família européia, não há papai, mamãe e filhos. Somos todos iguais e maduros o suficiente para discutir qualquer tema", disse o chanceler polonês, Wlodzimierz Cimoszewicz.
"Quando tenho uma briga com minha mulher, costumo ficar bravo com meus filhos. Assim, parece claro que Chirac tem problemas com os americanos, não com a Romênia e a Bulgária", disse o premiê romeno, Adrian Nastase.
Já o premiê britânico, Tony Blair, afirmou esperar que "ninguém estivesse dizendo que havia duas categorias de países europeus". "Todos têm o direito de expor suas opiniões", disse Blair.
Analistas políticos europeus mostraram-se divididos sobre a declaração da UE. Para alguns, o texto refletiu mais a visão britânica do que a franco-alemã, mencionando claramente a possibilidade de uma ofensiva contra o Iraque como "último recurso". Para outros, o fato de a UE não ter dado apoio explícito aos EUA foi uma vitória francesa.

ONU e Vaticano
Ainda ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e o papa João Paulo 2º discutiram a questão iraquiana. Os dois pediram uma solução pacífica para a crise atual e falaram da importância da ONU, mas Annan salientou que o Iraque deverá colaborar rapidamente com os inspetores da entidade se quiser evitar a guerra.


Com agências internacionais


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