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Favorável à guerra, Leste Europeu
se irrita com críticas de Chirac
DA REDAÇÃO
A declaração comum dos 15
países-membros da União Européia sobre o Iraque foi endossada
ontem por 13 candidatos a aderir
à UE, mas o que deveria ter sido
motivo de festa foi transformado
numa demonstração de descontentamento com o presidente
francês, Jacques Chirac.
Anteontem, após assinar a declaração da UE (que diz que o Iraque corre o risco de ter de enfrentar uma guerra caso não coopere
totalmente com a ONU), Chirac
criticou os países do leste do continente que já haviam expressado
seu apoio a uma eventual ofensiva
militar contra o Iraque, dizendo
que a atitude deles não tinha sido
"muito responsável".
Chirac disse ainda que eles deveriam ter consultado a UE antes
de tomar posição e salientou que
a Romênia e a Bulgária tinham
colocado em risco suas chances
de aderir à UE, pois elas apoiavam
o campo pró-Washington. "Eles
perderam a chance de ficar calados", disse o presidente francês.
As palavras de Chirac provocaram reações acaloradas de líderes
políticos dos países do Leste Europeu, que tinham sido convidados a participar de uma reunião
em Bruxelas para endossar a posição da UE.
O chanceler tcheco, Cyril Svoboda, foi seco em sua resposta.
"Nossa adesão à UE não significa
que vamos ficar sentados e calados", declarou.
Já o presidente da Romênia, Ion
Iliescu, ironizou a ameaça de Chirac a seu país, perguntando se a
França e a Alemanha tinham pedido a permissão de alguém antes
de publicar uma declaração conjunta -contrária à guerra- no
mês passado. Essa declaração
franco-alemã desencadeou uma
onda de apoio aos EUA por parte
de outros países europeus.
Vários líderes preferiram ironizar Chirac. "Na família européia,
não há papai, mamãe e filhos. Somos todos iguais e maduros o suficiente para discutir qualquer tema", disse o chanceler polonês,
Wlodzimierz Cimoszewicz.
"Quando tenho uma briga com
minha mulher, costumo ficar bravo com meus filhos. Assim, parece claro que Chirac tem problemas com os americanos, não com
a Romênia e a Bulgária", disse o
premiê romeno, Adrian Nastase.
Já o premiê britânico, Tony
Blair, afirmou esperar que "ninguém estivesse dizendo que havia
duas categorias de países europeus". "Todos têm o direito de expor suas opiniões", disse Blair.
Analistas políticos europeus
mostraram-se divididos sobre a
declaração da UE. Para alguns, o
texto refletiu mais a visão britânica do que a franco-alemã, mencionando claramente a possibilidade de uma ofensiva contra o
Iraque como "último recurso".
Para outros, o fato de a UE não ter
dado apoio explícito aos EUA foi
uma vitória francesa.
ONU e Vaticano
Ainda ontem, o secretário-geral
da ONU, Kofi Annan, e o papa
João Paulo 2º discutiram a questão iraquiana. Os dois pediram
uma solução pacífica para a crise
atual e falaram da importância da
ONU, mas Annan salientou que o
Iraque deverá colaborar rapidamente com os inspetores da entidade se quiser evitar a guerra.
Com agências internacionais
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