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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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VENEZUELA

Acordo é o 1º desde a instalação da mesa de diálogo mediada pela OEA, em novembro; militares rebeldes são achados mortos

Chávez e oposição fazem pacto antiviolência

DA REDAÇÃO

Representantes do governo e da oposição venezuelana assinaram ontem uma declaração contra a violência, no primeiro acordo dentro da mesa de diálogo promovida pela OEA (Organização dos Estados Americanos) desde 8 de novembro.
Em oito pontos, as duas partes se comprometem a criar condições para chegar a "um clima de paz e tolerância" para resolver as divergências políticas "de forma pacífica". Também pedem aos partidos, à Igreja Católica e às organizações civis para defender os princípios democráticos e condenar a violência.
O secretário-geral da OEA, César Gaviria, disse esperar que o acordo permita desenvolver as negociações entre o governo e a oposição em busca de uma saída para a crise política no país.
A oposição, que acusa o presidente Hugo Chávez de arruinar a economia do país com suas políticas populistas de esquerda, quer que o presidente renuncie ou convoque eleições antecipadas. Eles promoveram uma greve geral de 63 dias, entre dezembro e o início deste mês, para pressioná-lo a renunciar, sem sucesso.
Chávez, por sua vez, diz que não renunciará e acusa os opositores de promover uma "conspiração golpista" por ele ter atacado os privilégios das elites que governaram o país por décadas. Ele diz aceitar um referendo sobre seu mandato em agosto, como está previsto na Constituição.
O secretário-geral da CTV (Confederação dos Trabalhadores da Venezuela), um dos líderes da Coordenação Democrática (associação que reúne os principais partidos e entidades da oposição), disse que o documento assinado ontem permitirá um acordo para uma "saída eleitoral" para a crise no médio prazo.
O vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, classificou de "muito positivo" o acordo. Ele disse, porém, que ele não havia sido assinado antes "porque setores da oposição não queriam".
Segundo ele, a oposição preferiu exigir antes a realização de eleições presidenciais antecipadas. "Começamos a discutir esse acordo por último, quando deveria ter sido a primeira coisa. Agora isso abre caminho para discutirmos qualquer outra coisa", afirmou.

Assassinatos
A polícia venezuelana confirmou ontem o assassinato de três militares dissidentes que haviam pedido uma "desobediência civil" contra Chávez. Os corpos de Erwin Argüello, Angel Salas e Felix Pinto foram achados no subúrbio de Caracas, com suas mãos atadas e as faces tampadas com fita.
César Hernández, chefe da divisão de homicídios da polícia judiciária, confirmou que eles foram assassinados, mas não disse como. Ninguém foi acusado oficialmente pelas mortes, mas outros militares rebelados contra Chávez disseram considerar "estranhas" as circunstâncias das mortes e pediram "uma investigação isenta".


Com agências internacionais


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