São Paulo, domingo, 19 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA

Busca foi complicada pela ameaça de que nova avalanche ocorresse

Previsão de filipinos é de 1.800 mortos sob a lama

DA REDAÇÃO

Durante todo o sábado, equipes de resgate enviadas às Filipinas reviraram um mar de lama buscando em vão sobreviventes do deslizamento que fez a vila de Guinsaugon, na ilha Leyte, desaparecer sob a terra anteontem. O número de mortos pode chegar a 1.800, segundo militares filipinos, e um novo desastre é temido. Mais de 3.000 estão desaparecidos na ilha, dizem autoridades locais.
Na vila de Guinsaugon, centro da tragédia, cuja população era de 2.500 pessoas, apenas 57 foram resgatadas com vida -nenhuma delas ontem-, e 55 corpos foram localizados. Uma criança salva anteontem morreu em conseqüência de ferimentos na cabeça.
Dois navios de guerra norte-americanos e mil marines foram mandados a Leyte, onde 11 vilas foram desocupadas na mesma região agrícola em que uma montanha desabou após duas semanas de chuvas torrenciais.
A esperança de encontrar sobreviventes foi se esvaindo enquanto as equipes reviravam o lamaçal de dez metros de profundidade que cobriu 40 hectares. "Ninguém vivo foi achado hoje, somente mortos", disse o assistente social Joselito Rabi à agência de notícias Associated Press.
Os esforços de resgate foram redobrados no local em que funcionava uma escola de ensino fundamental. Parentes de alguns dos 250 alunos e professores desaparecidos ali disseram ter recebido mensagens de texto da vítimas por telefone celular, mas essa informação não foi confirmada. Sessenta soldados revolveram a lama nessa região, mas não encontraram nada além de corpos.
A sobrevivente Rosmarie Sibunga, 6, contou à agência de notícias France Presse: "Quando o deslizamento começou, corri e corri, mas a terra me cobriu. Caí e o lodo me tragou". A menina diz ter ouvido os ruídos das esquipes de resgate. "Gritei por ajuda."

Perigo
As buscas foram complicadas pela ameaça de que outra montanha instável desabasse sobre os 752 soldados, bombeiros e voluntários que atuavam no resgate. A situação era tão perigosa que os voluntários foram afastados.
Um deslizamento anterior em Guinsaugon, ocorrido no início da semana e responsável pela morte de 20 pessoas, fez com que o governo retirasse moradores da região. Entretanto muitos retornaram ao local anteontem, quando o sol voltou a aparecer.
Sobreviventes viveram momentos dramáticos tentando identificar os locais em que viviam. "É difícil achar as casas agora", afirmou à Associated Press o fazendeiro Eunerio Bagaipo, 42, que perdeu dois irmãos, quase 20 sobrinhos e outros parentes na tragédia. "Só há terra e lama."
O diretor do escritório de vulcanologia governamental das Filipinas, Rene Solidum, confirmou que um tremor com intensidade de 2,6 pontos na escala Richter ocorreu ao sul de Leyte momentos antes do deslizamento de terra. Mas disse não acreditar que esse movimento de pouca intensidade fosse suficiente para desencadear um deslizamento de terra. Para ele, as chuvas torrenciais que atingiram a ilha durante as duas últimas semanas são o motivo da catástrofe. Outros especialistas associam a tragédia ao desmatamento da região.
A governadora de Leyte, Rosete Larias, disse em declarações transmitidas por rádio e televisão que a aldeia "foi totalmente sepultada".


Com agências internacionais


Texto Anterior: Artigo - Peter Demant: Hamas "criará um Arafat"?
Próximo Texto: Artigo - Immanuel Wallerstein: O Irã e a bomba
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.