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Prisão de americano
turva reunião de EUA e Cuba em Havana
Enviado de Obama falará sobre migração e deve abordar detenção de acusado por espionagem
DA REDAÇÃO
Mais graduado diplomata
americano a pisar em Cuba em
décadas, Craig Kelly dará sequência hoje em Havana à rodada de conversas bilaterais sobre migração retomadas no ano
passado. Terá na agenda, porém, tema mais delicado: a detenção, desde dezembro, de um
subcontratado do governo dos
EUA que o regime comunista
acusa de espionagem.
Oficialmente, o Departamento de Estado diz apenas
que Kelly, subsecretário-adjunto para a América Latina,
tratará de imigração -negociação reiniciada após sete anos de
hiato- e dos temas de "mútuo
interesse" que surgirem.
Mas o governo Obama está
sendo pressionado por colunistas na imprensa americana e
pela oposição republicana a
exigir a soltura de Alan P.
Gross, 60, um subcontratado
da Usaid, a agência de ajuda.
O governo cubano diz que
Gross foi detido em 5 dezembro
quando distribuía "equipamentos de comunicação de alta
tecnologia". Não se sabe o que
portava, mas, pela lei local, antenas parabólicas são ilegais,
por exemplo. Há também norma que torna crime qualquer
atividade ligada à lei americana
Helms-Burton, que reforçou o
embargo à ilha em 1996 e inclui
rubrica orçamentária para "reforço da democracia".
Em dezembro, o líder máximo de Cuba, Raúl Castro, citou
o caso de Gross para acusar
Obama de manter "as mesmas
táticas" dos antecessores de
municiar a dissidência na ilha,
apenas meses após o presidente americano propor um "novo
começo" a Havana em abril.
Já o Departamento de Estado acusou Havana, em dezembro, de não permitir visitas
consulares ao detido, confinado em presídio perto da capital.
Nosso homem em Havana
Apesar da troca de acusações,
o governo Obama resolveu
manter a reunião de hoje
-agendada desde 2009- e ainda enviar o diplomata número
2 para a região ignorando a
pressão de integrantes da bancada anticastrista do Congresso, que pediram o cancelamento do encontro em carta à secretária de Estado, Hillary
Clinton, há dez dias.
Por outro lado, Obama manteve a verba de US$ 20 milhões
dos programas de ajuda humanitária e reforço da democracia
em Cuba caros à oposição.
De todo modo, com a visita,
Washington parece querer sinalizar que a distensão entre
Cuba e EUA pode ser bastante
lenta, mas não estagnou.
Ela ocorre, ainda, a poucos
dias da Calc, a Cúpula de América Latina e Caribe que, à diferença da OEA (Organização dos
Estados Americanos), inclui
Cuba. Na primeira reunião do
tipo, promovida pelo Brasil em
dezembro de 2008, os clamores
ao ainda presidente eleito pelo
fim do embargo à ilha foram
uma das tônicas.
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