São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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Forças de segurança abrem fogo e ferem mais de 60 no Bahrein

ANA PAULA CORRADINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EM MANAMA (BAHREIN)


A situação na capital do Bahrein, Manama, era tensa ontem à noite após um dia repleto de manifestações tanto anti quanto pró-governo.
Uma marcha pacífica de apoio à família real partiu às 12h30 da maior mesquita de Manama, repleta de famílias com bandeiras bareinitas.
Enquanto isso, em outros distritos de Manama, milhares de pessoas participavam dos cortejos fúnebres para os mortos da véspera nos confrontos contra a polícia.
Após o enterro, os manifestantes foram para a praça da Pérola, local símbolo da resistência dos xiitas, onde foram atacados pelas forças de segurança do regime.
Mais de 60 pessoas ficaram feridas, pelo menos quatro delas em estado grave. Na véspera, violenta repressão a cerca de 2.000 pessoas fizera cinco vítimas. Desde o início da semana, são sete mortos.
Centenas de feridos foram levados para o hospital em Salamaniya, que acabou se tornando um foco de protestos. A situação no hospital era caótica, e os médicos chegaram a fazer apelos por ajuda internacional na TV.
Após a ofensiva das forças de segurança do governo, agora os manifestantes xiitas reivindicam não só status e direitos de cidadãos bareinitas, mas também a retirada da família real Al Khalifa.
Há rumores de que os protestos continuariam hoje e de que os manifestantes tentariam novamente tomar a praça da Pérola, no centro financeiro e comercial da cidade.
Ainda não houve nenhum pronunciamento oficial do governo sobre os protestos desde o discurso do rei na noite da última segunda.
Mas o príncipe Salman ibn Hamad ibn Isa Al Khalifa participou de um programa na TV estatal para pedir calma no reino do golfo Pérsico.

XIITAS
Para a mídia internacional, os protestos só começaram na última segunda, no tsunami das manifestações no Egito e na Tunísia.
Mas os xiitas -cerca de 70% da população de 700 mil pessoas- vinham protestando em vilas mais afastadas da capital há semanas, incendiando barricadas de pneus e obstruindo estradas.
Eles dizem sofrer discriminação por parte da família real, sunita. Mas a má situação econômica também tem atraído opositores sunitas.
Não é nada, porém, que os habitantes da ilha fiquem sabendo pela imprensa local, notadamente governista -e cujo principal jornal em língua inglesa, na véspera da manifestação, tinha como manchete oito cachorrinhos abandonados para adoção.
A eventual deposição do regime bareinita seria grande revés para EUA e a vizinha Arábia Saudita, o segundo maior produtor mundial de petróleo. O Bahrein abriga a Quinta Frota da Marinha dos EUA, responsável pelo golfo.
Um levante xiita poderia aumentar a influência do Irã na ilha do golfo, onde Teerã possui potenciais aliados.

Com agências de notícias

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